Lar de idosos
E a mãe estava bem velhinha... já não havia quem pudesse convencê-la de fazer o mínimo: comer, beber água, chás, sucos... tomar banho... caminhar na área externa da casa, tomar sol.
Uma cuidadora... uma enfermeira... uma cuidadora... uma enfermeira... alguém que ficasse com ela o tempo todo e ajudasse-a no seu dia a dia, desse o carinho necessário, estivesse presente e ouvisse-a contar histórias do seu passado distante. Cada uma passava pela casa o tempo de uma visita médica.
Estava praticamente surda... a visão bem comprometida. Não aceitara, quando detectado o problema de surdez, aparelho auditivo - haviam tentado por duas vezes comprar um aparelho, mas ela não se adaptara. Esquecia de colocar os óculos... encontravam medicamentos e alimentos levados para ela no lixo. Cerrava a boca com força quando tentavam dar comida... caso conseguissem, cuspia fora.
Mobilidade difícil. Não aceitava cadeira de rodas... andador... bengala... ajuda. andava pela casa segurando-se pelas paredes.
Câmeras nem pensar. 'Como se atrevem a me vigiar?'
A filha pensou: 'Vou colocar escondido'. Mas não se atrevia a fazer isso com a mãe. Não fez.
Um dia a mãe caiu. Gritava de dor. Hospital. Raio-X. Fratura no fêmur. Cirurgia. Cuidados intensivos médicos.
Clínica de idosos - 'excelente estrutura'... com a 'propaganda' de que ofereciam 'REABILITAÇÃO PÓS-CIRÚRGICA'... 'ACOMPANHAMENTO INTEGRAL'...
Essa foi a escolha da filha para que a mãe estivesse BEM cuidada, recebendo exatamente tudo que um ser humano precisa...
Mas não foi bem assim...
(A filha tem muita história pra contar... ela precisa desabafar... ela precisa de ajuda... e ela vai contar comigo... no tempo dela, vou contar toda a história... ou quase toda... porque há situações em que é melhor ficarem só na mente e coração de quem passou e/ou de quem as ouviu).