Era uma vez na infância
Há momentos de nossa vida que gostaríamos de reviver. E, às vezes revivemos, mas passam pela gente tão velozes que não os conseguimos reter, nem sentir as emoções, como seria nosso desejo.
E ficamos fazendo com que o pensamento retorne um sem número de vezes, assim com um “reply” de televisão, só que, infelizmente sem as vantagens do “slow motion”. E as lembranças, por mais que retornem, sempre velozes, não nos dão a satisfação completa, tal como acontecera no passado.
Alguém deveria inventar um aparelho, ou um processo, para reduzir a velocidade do pensamento, quando a gente quisesse ... Seria tão bom...
Já me vejo menino novamente, olhando aquele buraco de fechadura; tomando banho no rio Potengi (ainda não era tão poluído); remando no pequeno barco, que nós chamávamos de CHOCOLATE, ou brincando debaixo das mangueiras do quintal de Fernando e Elias, nossos vizinhos e cúmplices de traquinagens. Ou ainda, vagando pela Vila Naval, aguardando uma oportunidade de falar com a namorada.
É, seria muito bom, mas também existem as lembranças de momentos desagradáveis, e estes sim, a gente gostaria que nunca nos voltassem à mente, nem por fração de segundo, na rapidez supersônica do pensamento. Como daquela vez que atingi a cabeça de um garoto com um caco de telha. Foi sem querer, brincávamos de nos esquivar, mas o pai dele correu atrás de mim, querendo me trucidar.
De qualquer forma, as boas lembranças são em número muito maior. Foi pensando nelas que comecei a escrever esta crônica, e é pensando nelas que a gente encontra alegria em viver.