A Saudade que Ficou
A Saudade que Ficou
O vento soprava suavemente pelas cortinas da sala, trazendo consigo uma sensação de vazio e nostalgia. Desde que minha mãe partiu para a eternidade, a casa nunca mais foi a mesma. Cada canto, cada objeto, cada detalhe parece carregar um pedaço de sua presença ausente, como um eco distante de seu riso e de suas palavras de carinho.
Lembro-me das manhãs preguiçosas de domingo, quando ela preparava o café com tanto cuidado, como se cada xícara fosse uma obra de arte. O aroma do café fresco ainda paira no ar, uma lembrança fantasmagórica dos momentos que não voltarão mais. O cheiro das flores que ela amava cuidar no jardim, misturado com o perfume suave que sempre usava, agora são apenas memórias que insistem em permanecer, mesmo em sua ausência.
Há dias em que me pego conversando com ela em pensamentos, contando sobre o dia-a-dia, as pequenas conquistas, as frustrações, como se ela pudesse ouvir e responder com a sabedoria que sempre teve. Sua voz, doce e serena, ressoa em minha mente, oferecendo conselhos, consolos, e até mesmo broncas, do jeito que só ela sabia fazer.
A saudade é uma presença constante, uma companheira silenciosa que me abraça nos momentos de solidão. Às vezes, é como uma brisa suave, trazendo lembranças que aquecem o coração. Outras vezes, é como um vendaval, arrancando lágrimas dos olhos, fazendo o peito doer de uma ausência que é impossível preencher.
No entanto, em meio a essa dor, há uma estranha beleza. A saudade me lembra do amor incondicional que minha mãe sempre teve por mim. Cada lembrança é uma prova de que ela viveu plenamente, amou intensamente e deixou um legado de afeto e ensinamentos que carregarei comigo para sempre. Sua ausência física não consegue apagar a presença imortal que ela tem em meu coração.
E assim, sigo vivendo, levando comigo a saudade que, de alguma forma, me aproxima dela. Porque, mesmo na eternidade, sei que ela está em algum lugar, cuidando de mim, guiando meus passos e mantendo viva a chama do amor que nunca se apaga.
Zezé Libardi