FALTA ÉTICA AOS PLANOS DE SAÚDE

Poucas pessoas têm consciência de que o nosso Sistema Único de Saúde – SUS não consegue atender a demanda de serviços de saúde porque nossos representantes eleitos efetivamente não precisam desse e de muitos outros serviços porque, nós enquanto contribuintes, bancamos toda a farra dessa corte supostamente lotada em Brasília, mas que na realidade usa suas residências funcionais apenas de terça a quinta-feira, afinal, supostamente precisam dar atenção ao seu eleitorado in loco.

Vamos aos fatos, nos primórdios da criação do SUS, lá no século passado, todos os envolvidos na implementação desse complexo sistema, já sabiam de antemão, que contribuições descontadas na folha dos assalariados não cobriria os custos, afinal muita gente só conseguiu ocupação no mercado informal, e não tem consciência, que mesmo assim deveria contribuir com o Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS, se pensasse numa futura aposentaria.

O SUS conta hoje com uma gigante capilarização, pois em tese, deveria estar atuando em cada um dos 5.568 municípios que integram este continente chamado Brasil.

Como está escrito com todas as letras, o sistema deveria ser único, mas aí, interesses de lobs aliados a ausência de ética falaram mais alto, entre aqueles mesmos parlamentáveis, que a cada quatro anos, damos aval para sua suposta estadia no reinado do planalto central.

Eles mesmos defenderam que empresas privadas passassem a atuar na área de saúde, e para isso seria fundamental boicotar o SUS. E foram eficientes nessa tão almejada meta, cortando as fontes financeiras que viabilizariam a efetivação dessa complexa empreitada.

Poucas pessoas tiveram acesso a esse inescrupuloso boicote parlamentar, que desviou para outros fins, toda verba arrecadada com jogos oficiais no país e mais algumas contribuições compulsórias.

Para mostrar seu poder diante da coisa pública, entregaram a gestão da Agência Nacional de Saúde sempre a algum donatário de plano de saúde privada. Assim, toda legislação proveniente da ANS sempre carregava o viés do empresário de saúde, afinal, para esse grupo, independente da área de atuação, o que se busca é a maximização do lucro, independente do objeto a ser explorado.

Interessante notar a capacidade criativa desse bando de estelionatários, que montaram até uma metodologia, que passou a incidir sobre a mensalidade do plano, e claro, nunca guardou qualquer relação com a realidade econômica vigente. Partia da própria ANS a divulgação de reajustes, que no mínimo duplicavam a inflação auferida por órgãos oficiais.

Logo, boa parte dos clientes desse serviço privado se viu obrigada a reduzir sua rede de atenção, migrando, às vezes para outra categoria na mesma empresa, outras para um plano mais modesto, porém compatível com seu orçamento.

Mas definir um ente como privado, não implica em eficiência, e essa realidade tem vindo à tona com mais assiduidade, mostrando as barbaridades perpetrada por estes supostos empreendedores, que reservam a seus clientes o ônus pela má administração do negócio.

Neste primeiro semestre do ano de 2024, alguns planos mostraram um misto de audácia e irresponsabilidade, simplesmente encerrando contratos de forma unilateral para grupos, ou pessoas em tratamentos custosos.

Como seria de se esperar a ANS se calou diante de tão grave situação, e até o momento que redijo este texto o governo não se pronunciou a respeito desse descaso com os clientes.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 05/06/2024
Código do texto: T8079218
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.