GERAÇÃO FRACA

Tudo acontece na escola. Já era noite, eu estava a me prepara para ir tomar café, assim como meus colegas de turma. Aos poucos as pessoas vão chegando e sentando-se à espera da refeição. Barriga cheia. E todos se pelos variados espaços da instituição. Geralmente eu costumava fazer o mesmo, mas naquela noite decidi ficar na varanda do refeitório, como sempre observando calmamente cada movimento nos mínimos detalhes, quando uma cena me chamou a atenção; um garoto chorando. Fiquei preocupado, não por ser uma cena rara, muito pelo contrário naquele ano encontrar alguém em crise por conta da sobrecarga e tornou corriqueiro.

Sem saber o que fazer recorri ao professor responsável do dia, pensando que ela ajudaria o rapaz naquele momento e foi aí que para o meu espaço ouço: ‘’Não deve ser nada, os jovens de hoje são fracos, no meu tempo a gente também tinha problemas e nem por isso andávamos chorando pelos cantos”. E simplesmente olhou de longe e com um meio sorriso virou as costas e se retirou. Já não tinha mais nenhum outro adulto a quem recorrer, e a dor daquele rapaz passou de forma indiferente sem ao menos ter tido a chance de ser acolhido.

Como sou sensível ao sofrimento alheio fui ajudar, mas percebi que choro não foi porque ele era fraco, porque não sabemos lidar com as adversidades da vida, mas porque a dor da perda não pode ser controlada e isso passou despercebida aos olhos daquele professor que utilizando da sua indiferença com seu aluno acabou não percebendo a real intensidade do problema.

E isso ficou marcado em minha mente. As gerações vivem em um combate constante e nessa guerra de quem foi ou é a melhor, nosso visto como fracassado. E tudo isso me levou a pensar até onde uma adolescente que está vivendo um conflito interno precisa chegar para ser ouvido? E que é preciso fazer para os adultos entenderem que nem tudo é frescura ou mal criação de uma geração mimada?

Dizer que antes não existia isso e negar a existência daquilo que é natural da existência humana; os conflitos emocionais, o medo, a insegurança a angústia.

A morte nunca foi a cura, mas a indiferença nunca será o remédio para fortalecer tantas mentes atribuladas. Negligenciar a dor do outro é muitas das vezes correr o risco de lidar com a consequências desses atos.

E o pré-julgamento nunca será a verdadeira resposta daqueles que tem a sua dor e sua voz sufocada pela indiferença e falta de empatia de tantas pessoas.

A dor é de um, mas não deixa de ser para todos!

Isabel scriptor
Enviado por Isabel scriptor em 05/06/2024
Código do texto: T8078996
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