COISAS QUE DIMINUÍRAM DE TAMANHO

Tenho uma salutar nostalgia de coisas boas que marcaram minha infância. O refrigerante Cyrilinha, que voltou a ser fabricado, era o supra sumo da gurizada e só ganhávamos uma garrafinha da bebida nos dias em que havia festa na igreja ou no clube. No resto do tempo, o máximo que a gente tomava de diferente era Ki Suco de pacotinho, com direito a muito corante para exterminar as lombrigas.

Lembro também da Baré Cola, do Minuano Limão, do Guaraná Brahma e do guaraná de garrafa, quando a gente podia fingir que estava tomando uma cerveja.

Confesso que lá nos primórdios da adolescência eu já tomava meus sambas (também conhecido como cuba libre, mas o nosso era com conhaque ou cachaça) com meus amigos, coisa que hoje seria totalmente incorreta - e não que eu seja contra a proibição da venda de bebida de álcool para os menores, por que o álcool é uma droga que destrói a saúde e a família em qualquer idade.

Mas a gente era feliz, num tempo em que não existiam as garrafas pet e tudo vinha adicionado em vidro, que conserva melhor o sabor, isso valendo tanto para o vinho quanto para a Coca Cola e o guaraná Antártica, que plástico nenhum consegue manter.

Claro que as embalagens de plástico são mais práticas e mais seguras - não vá uma criança se cortar num caco de garrafa. Mas que o sabor era outro, isso não resta a menor dúvida.

Também sou do tempo (e nem faz tanto tempo assim) em que as bolachas vinham em pacotes de meio quilo ou um quilo (esse dava pra família toda e deveria durar vários dias).

Hoje todos os produtos vem em porções reduzidas, mas o preço não diminuiu. Chocolate, biscoitos, shampoo, sabonete... Tudo diminuiu de tamanho. Até o vinho, que antes era um garrafão de 5 litros ou uma embalagem de 2 litros foi reduzida para 4.500 ml e 1,90 ml. Aliás, o vinho de garrafão está cada vez mais difícil de ser encontrado.

Só o papel higiênico continua vindo em rolos de 30 ou 60 centímetros, talvez para limpar a quantidade de cagadas que a gente costuma cometer no decorrer da existência.

Vai chegar um tempo onde as porções dos produtos serão reduzidas à metade, sem diminuição de preço.

Estou escrevendo sobre um tema nostálgico, mas não sou tão velho assim, ainda não cheguei na terceira idade.

Mas tenho saudades de um tempo em que tudo parecia maior, mais gostoso e muito mais prazeroso. Vinho de garrafão, bolacha em pacotes de meio quilo, barra de chocolate tamanho família... Todas essas coisas fazem parte de um tempo em que, com certeza, a gente era feliz e não sabia.

Um brinde à nostalgia desses tempos, de preferência com vinho de garrafão ou cerveja de garrafa 600 ml!