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Ultimamente, tenho tentado não ouvir música enquanto ando minhas milhas diárias, para poder refletir mais -  além de prestar atenção em tudo de bonito ao meu redor. Quando os pensamentos me inundam, sinto uma necessidade muito grande de reorganizá-los. Muitas vezes, deixamos passar pensamentos sem analisá-los, apenas os jogamos de lado, sem perceber a importância de tudo o que pensamos e sentimos.

 

Ontem, caminhando, pensei sobre a vida. Sobre a rapidez com que ela passa, sobre os anos que voam. Vivemos correndo, tentando devorar o dia, enquanto nossas mentes se ocupam com listas intermináveis de tarefas que talvez nunca realizemos. A vida se desdobra diante de nós em um piscar de olhos, e, muitas vezes, estamos ocupados demais para perceber. Tenho muitas caixas cheias de fotografias daquele tempo em que ainda usávamos a máquina fotográfica e as mandávamos revelar. Lembram? 

 

Não seria maravilhoso poder congelar o tempo, só para desfrutar plenamente desses momentos? Que bom seria poder curtir meus amigos, perguntar como estão, ouvir histórias de suas famílias e filhos, compartilhar experiências, enriquecer minha vida com essas conexões.  Gostaria de abraçar minha família, ver meus sobrinhos crescerem, acompanhar suas trajetórias, e curtir  almoços barulhentos e cheios de risos e fotografias. Enquanto estou aqui a quase 5 mil milhas de distancia, o tempo esta passando do lado de lá.

 

Mas, por outro lado, o aprendizado nesse nosso mundo nunca acaba. Aprendemos com o dia a dia, com pessoas que nos hostilizam ou nos agradam. Aprendemos a sufocar nossos sentimentos, ou extravasá-los. Aprendemos a falar, ou a calar. A sorrir, ou a chorar. Cada experiência, seja ela boa ou má, é um tijolo na construção do nosso ser. Tudo isso parece uma máquina, uma engrenagem que lubrificamos com nossa inteligência e percepção. Nem diria inteligência, mas sim experiência. Aquela experiência acumulada dos anos, que nos faz ficar mais sábios diante de diversas situações. Não buscamos mais vencer a partida, mas sim aproveitar a jornada. Não importa se somos vencedores ou perdedores, o que importa é a tranquilidade interior que floresce e nos guia, como se estivéssemos navegando em um mar calmo, conscientes das paradas nas ilhas e do poder das ondas que podem nos derrubar. E, quando caímos, também reconhecemos o poder de nos levantar.

 

Hoje, olhei a natureza e fiquei curtindo um silêncio gostoso, e ouvi muitas vozes dentro de mim. Ouvi meus pensamentos, pude perceber melhor meus sentimentos. Foi um momento de extrema importância, e quis aproveitar cada coisa que eu pensava. Não joguei nada fora. Trabalhei em todos aqueles pensamentos, dessa vez não ignorei as minhas angústias. Deixei que cada pensamento fluísse livremente, como um rio encontrando seu caminho. Apenas confortavelmente sentei-me no colo de Deus, deitei minha cabeça em seu peito, e me senti a filha acolhida e entendida. Não precisei falar nada.

Ele já sabia de tudo.

 

Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 04/06/2024
Reeditado em 04/06/2024
Código do texto: T8078256
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