SENTENÇA
Mais uma vez, os sentimentos ardem no meu ser e me ponho em situação de sentença.
É que a impaciência tem dominado os meus dias, como um corpo que inflama na presença da sua pessoa enamorada.
Considere, não é fácil viver sob o ar da tua vida, na espera incessante pela tua permanência. Uma hora o cansaço haveria de chegar.
Não sei... a dor da espera já me consome e me pego a pensar que talvez seja inútil aspirar um bem-querer que não se revela. E pensando bem, será que existiu?
Qual o sentido de esperar um afeto que se nega, por medo de tentar?
Por que deixaste de seguir a estrada do sol?
O tempo passa, a vida acontece todos os dias e, nos últimos, sinto-me cansada de ser feliz apenas na esperança. Esperança que contempla as linhas das tuas mãos, o rubor do teu rosto, teus olhos que sorriem. Mas, apenas contemplar já não é suficiente.
Atrevimento, o meu querer ser o que não se pode ser.
Aborrecimento, acreditar no que pode acontecer.
Desânimo, esperar pelo verão do teu sorriso, no outono frio do meu coração.
Eis então, um amor que se forma e se vai. E na sua ida, meu ser retorna à procura do que me traz o querer viver.
Entre o querer e o não querer, prefiro ser o que se é. E se obras é que são amores, já não há mais como confiar no que não existe. Ainda assim, confesso-te, mesmo que na desordem do meu ser, que se ninguém te amou, em ti depositei o meu... e a partir daqui, seguirei!