ÀS VEZES (RARAMENTE) O AMOR É ETERNO !

 

 

    Noutro dia estava me lembrando de duas festas em que estive presente e que me marcaram para o resto da vida . Não foram as festas em si que deixaram as lembranças mas sim os motivos, a historia e as consequências dos fatos e atos anteriores e posteriores.

    Vou falar da primeira. Dois jovens bonitos e inteligentes, ele com vinte e ela com dezenove anos de idade, ambos cursando os últimos períodos da faculdade. Filhos de famílias de classe média com relativo prestígio e muitas posses, os dois não tiveram nenhuma dificuldade em comprar e mobiliar um belo apartamento num dos condomínios mais importantes da cidade.

   Se conheceram ainda crianças e ambos acreditavam e sempre repetiram, com a aprovação das famílias claro, que tinham nascido um para o outro.

    A cerimônia na igreja e a recepção no salão de festas foi algo digno de príncipes e princesas. Simplesmente divino, deslumbrante. Tudo teria se transformado num belo conto de fadas se , dois ou três meses após o retorno da viagem de lua-de-mel o casal não tivesse reunido as famílias para comunicar que estavam se separando.

    Foi algo realmente surpreendente e a primeira atitude da mãe e sogra foi levar a menina para o quarto e pedir explicações se tinha ocorrido alguma coisa desagradável, quem sabe violência, desentendimento ou traição.

    Não tinha havido nada de violento ou desagradável e nem mesmo traição. Ele, o marido tinha sido extremamente carinhoso, paciente e um belo amante. Apenas e simplesmente ela sentiu que já não o amava mais.

    A mesma pergunta foi feita ao jovem e a resposta, foi praticamente a mesma. Percebeu, depois de consumado o casamento, que não era bem aquilo que ele queria e esperava da jovem. O empenho dos pais para aconselhar o imaturo casal não foi bem sucedido. Eles estavam decididos e não voltariam atrás.

    Muito tempo depois eu soube que algumas semanas após a separação, ambos já estavam com novo par e apaixonados, planejavam casamento para breve.

    A outra festa que me referi foi das bodas de um casal que completava sessenta anos de feliz união. Os dois, apesar de já idosos, pareciam dois pombinhos e irradiavam uma felicidade que só aqueles que conhecem o verdadeiro amor são capazes de transmitir.

    Na primeira oportunidade perguntei a ambos o que fizeram para ficar tanto tempo juntos. Ele, com toda serenidade me ensinou que, em primeiro lugar eles se juntaram porque havia e sempre houve amor de verdade naquela união. Segundo porque tudo que ele fazia sempre pensava nela primeiro.

    Ela me ensinou a mesma coisa acrescentando que, se ele realmente a amava e sempre pensava nela primeiro antes de fazer qualquer coisa, para que pensar ou precisar de outro homem ? E outro detalhe importante : no casamento deles sempre procuraram evitar a mesmice e a rotina.

    Duas histórias , grandes lições e entre elas o amor e a maturidade. Mas o amor pode ser eterno ? Aliás, o que é realmente o amor ? Renúncia, dedicação, entrega, confiança ?

    Será que sabemos separar uma simples atração , que logo passa, de um sentimento que possa manter juntos para sempre dois seres com temperamentos, necessidades, defeitos e comportamentos completamente diferentes, sem que esse sentimento possa ser confundido com acomodação ou puro interesse ?

    Se não estou enganado (peço mil perdões se realmente estiver equivocado sobre a citação do autor) o mestre Vinícius de Morais sabiamente já dizia : “ que o amor seja eterno, enquanto dure “.

    No primeiro exemplo citado certamente não havia amor e sim uma paixão ou forte atração que como uma vela, foi se apagando aos poucos.

    No outro caso não, havia amor sim, pois pelo pouco que pude perceber naquela união não existia o pior dos inimigos, que é o egoísmo.

    E aqui só entre nós, como é difícil não ser egoísta, como é difícil pensar no outro primeiro antes de qualquer atitude ou decisão!

    E como é muito mais difícil reconhecer quando estamos errados! A pergunta é: o amor eterno existe ?

    Modestamente, usando a minha condição de não saber nem entender de nada, acredito que até possa existir.... muito raramente..... mas pode existir sim!

 

 

                          *****************

(Tenho muito cuidado em empregar palavras fortes como SEMPRE e NUNCA. Sou desses que acredita que SEMPRE é para SEMPRE e NUNCA, sempre acompanhado de MAIS, é também para NUNCA MAIS!)




(.....imagem google.....)

WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 08/01/2008
Reeditado em 05/01/2013
Código do texto: T807633
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.