ATÉ O PESCOÇO
Chega um momento que são tantas questões mal resolvidas, tantas arestas entre nós e os outros, que não há mais muita coisa a fazer, a não ser pelo menos manter a cabeça fora da lama de nossos deslizes, continuar seguindo em frente na medida do possível. Nesse ponto, os pedidos de desculpas esvaziam-se de sentido, e quando muito, apenas soam como um instrumento desafinado. Nas areias movediças relacionais onde nos enfiamos até o pescoço as vezes a única forma de não afundar por completo é mexer-se o menos possível, e esperar que, de alguma maneira, tenhamos chance de mostrar o quanto nos arrependemos e desejamos fazer diferente.