AO DESPREZO

Desprezo é uma vingança que saboreamos sem pressa, tomando aquele vinho especial que deixamos envelhecer toda vida

para aquele momento único, especial. O desprezo é avassalador, destói feito britadeira atômica, mata melhor que ninguém.

Podemos desprezar quem menos amamos, ou mais amamos. Desprezamos os passos escolhidos, e aqueles que nem nasceram ainda. Desprezamos verdades, pensamentos, maldades, bênçãos. Fazemos isso com tal zelo e cuidado que até nós mesmos duvidamos. Desprezo é regado com o suor seco do ódio, algo que não conseguimos deter quando quer romper a casca, mas fazemos questão de abrir clareira na mata cerrada para sua passagem. Tem vezes em que até desprezamos nós mesmos, tendo ou não consciência disso. É pelo desprezo que escoamos as vértebras alquebradas

da solidão, do mesmo, do desdém. É pelo desprezo que morremos um pouco, ou um tanto, dentro da gente.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 31/05/2024
Reeditado em 31/05/2024
Código do texto: T8075685
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