AO DESPREZO
Desprezo é uma vingança que saboreamos sem pressa, tomando aquele vinho especial que deixamos envelhecer toda vida
para aquele momento único, especial. O desprezo é avassalador, destói feito britadeira atômica, mata melhor que ninguém.
Podemos desprezar quem menos amamos, ou mais amamos. Desprezamos os passos escolhidos, e aqueles que nem nasceram ainda. Desprezamos verdades, pensamentos, maldades, bênçãos. Fazemos isso com tal zelo e cuidado que até nós mesmos duvidamos. Desprezo é regado com o suor seco do ódio, algo que não conseguimos deter quando quer romper a casca, mas fazemos questão de abrir clareira na mata cerrada para sua passagem. Tem vezes em que até desprezamos nós mesmos, tendo ou não consciência disso. É pelo desprezo que escoamos as vértebras alquebradas
da solidão, do mesmo, do desdém. É pelo desprezo que morremos um pouco, ou um tanto, dentro da gente.