QUEM SE IMPORTA?
QUEM SE IMPORTA?
O frio acorda na praça quase vazia, bancos ocupados de embrulhos amassados, imóveis em suas desditas, ninguém quer esses presentes. Súbito os pacotes se mexem e dão as caras, amassadas e coloridas de um vermelho de carne cozida.
Servem-se logo de um café da manhã límpido e translúcido, que afasta a lucidez de quem sorve. São adeptos de Gay, o Lussac, que eleva a temperatura a 40º de corpo, com termômetro movido a álcool. Indiferentes a olhares também indiferentes, levantam seus espectros e partem, a destino incerto e não sabido, com a convicção que logo estarão embrulhados para morar num buraco qualquer, sem qualquer rito. Quem se importa?