Não sei se é possível amar em silêncio

Tem uma dor dilacerando meu peito e eu achei que era sua ausência, sua distância.

Por você eu fui aceitando mudar algumas partes de mim, todo mundo ao seu redor parece buscar uma maneira de te entender, daqui de onde estou eu vejo que todo mundo quer te ver bem, até eu, inclusive eu, principalmente eu.

Nesse propósito de te ver bem depois que eu passei a te amar, e como eu amo...demorei um pouco para chegar aqui, eu demoro mesmo...nesse processo eu entendi, entendi teu sono infindo, seu tempo de fazer as coisas, sua falta de destreza até para trocar um curativo, era dor que eu sentia pelo seu erro, nessa época era dor física, mas eu pensava, ele tá aqui comigo, quer ficar...

Depois eu entendi que você não sabia fazer arroz e todas as tarefas que me foram impostas de maneira bruta eu aprendi a te ensinar tentando não te magoar. Por um tempo eu acreditei nisso, acreditei que estava te ensinando com o amor que eu levo, que eu sinto de forma a me doer enquanto escrevo ou choro essas palavras...

Eu só posso falar aqui de um ponto de vista e está sendo o da minha dor, rasgando meu peito e meus olhos depois de não conseguir dormir de novo.

Eu sei que existem outros pontos de vista, e um deles muito importantes, o seu...

Por isso eu passei a controlar o bater de portas na raiva, o volume da minha voz estridente quando eu penso que tenho razão, eu fiz café forte, dormi com a cama bagunçada, assisti filme dublado, pintei uma tabela para colorir o que era difícil para você como uma obrigação...

Cheguei tarde no trabalho as vezes porque tinha isso do seu sono, seu tempo, de dormir, de acordar...

Eu quis tanto ficar para te amar que consultei a todo mundo sobre o que fazer, não me vi, me "adiccionei" nas suas demandas, mesmo com raiva eu voltei pra te buscar, me desculpei, fui vendo que realmente um copo de Coca-cola derramado sobre um lençol limpo não é o fim do mundo, e não é mesmo...o problema é que fui eu que peguei depois o lençol para lavar...você se desculpou pelo líquido vertido (derramado) sem culpa, claro...mas eu que sozinha lavei, esperei secar e o recoloquei lá, limpo, perfeito no canto.

A dor que me dilacera agora é que você depois disso tudo me pede para te amar em silêncio e eu que não dormi para ficar contigo, minha escolha, minha responsabilidade, não faz menor essa angústia de mais um pedido de não ser eu. Eu acabo de consentir o impossível, as lágrimas torrenciais que percorrem meu rosto agora deveriam acalmar meu coração e minha alma já que conversamos e não terminamos, decidimos juntos essa ação de ser nós, de continuarmos. O problema é que como a chuva que cai insistente lá fora molhando tudo a despeito (sem se importar) das coisas frágeis que molha, também as minhas lágrimas molham a fragilidade que se tornou ser EU...e eu estou apavorada, chorando feito criança abandonada no castelo em ruínas, e na dificuldade ameaçadora da felicidade tua que a mim é tão cara, mas reverbera forte que mais uma concessão e eu posso perder o pilar que sustenta a essência do meu ser...e eu...logo eu....

Uma romântica incurável sei muito bem que não é possível amar em silêncio.

SouMinha
Enviado por SouMinha em 30/05/2024
Reeditado em 30/05/2024
Código do texto: T8074595
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