Pé no Ar

Pé no ar

Hoje em dia, muita gente compra sapatos, roupas e outras coisas pela internet. Parece uma maravilha, tão fácil, me dizem. Mas eu só posso comprar aparelhos eletrodomésticos ou algo que não seja de calçar ou vestir. Sapatos, nem pensar, pois tendo joanetes, preciso de calçados especiais, de forma jeitosa, macios e confortáveis. Além disso, tenho que prová-los, andar um pouco pra lá e pra cá na loja, antes de me decidir pela compra. Felizmente, até já conheço algumas marcas que me convêm.

Quanto a roupas, outros problemas. Não sou manequim 44 ou 46 certinhos. Quando serve na cintura, sobra na altura. E quando acho uma roupa lindinha, exatamente o que eu queria, vou ao provador e, diante do espelho, que horror! Não combina comigo! Não é fácil. Só de vez em quando acerto alguma coisa. Enfim, vou levando.

Outro dia, passando em frente a uma loja de pijamas e camisolas, entrei, porque estava justamente precisando de um penhoar. Assim que abri a boca e disse tal palavra, a vendedora ficou me olhando com ar assustado. Até sua colega chegou mais perto, para ver se entendia do que se tratava. Percebendo que elas nunca tinham ouvido falar naquilo, expliquei que não era “pé no ar”, mas algo para vestir por cima da camisola ou do pijama, para sair do quarto e ir tomar café na cozinha, por exemplo.

- Ah! A senhora quer um robe! Uma delas disse aliviada.

Aí foi a minha vez de ver a ficha cair. Eu não me lembrava dessa expressão que aliás, elas nem imaginam, vem de robe de chambre. Lembro que antigamente se dizia robe apenas para o roupão dos homens. O das mulheres era penhoar mesmo.

Na verdade, as duas palavras vieram do francês, penhoar (peignoir), para “se pentear” e robe, vestido para se usar “no quarto”, por cima do pijama.