Muro ou muralha?

Muro ou muralha?

Aroldo Arão de Medeiros

Um dos piores exemplos para a história da humanidade foi o Muro de Berlim, nomeado oficialmente Muro de Proteção Antifascista. Alguns irão retrucar: muro não é muralha.

Vale aqui uma ressalva: muralha é um muro grande, alto, que antigamente cercava e protegia uma fortaleza ou praça de armas. Levava grande vantagem sobre muros para defender cidades dos eventuais ataques inimigos.

Muro é uma parede forte que circunda um recinto ou separa um lugar do outro e serve de defesa, proteção.

Nossas casas tem muros e não muralhas.

O Muro de Berlim foi uma barreira construída pela Alemanha Oriental durante a Guerra Fria, rodeando toda a cidade de Berlim Ocidental. Este muro, além de dividir a cidade de Berlim, simbolizava a divisão do mundo em duas partes: República Federal da Alemanha, apoiada por países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos; e a República Democrata Alemã, apoiada por países socialistas sob jugo do regime soviético.

Construído em 1961, dele faziam parte mais de 65 km de gradeamento metálico e em torno de 302 torres de observação, quase 130 redes metálicas eletrificadas com alarme e muitas pistas de corrida para ferozes cães de guarda.

Estes muros eram patrulhados por militares da Alemanha Oriental Socialista com ordens de atirar para matar os que tentassem escapar, o que provocou a separação de dezenas de milhares de famílias berlinenses.

A queda do muro de Berlim deu-se na passagem do dia 9 para o dia 10 de novembro de 1989. O governo de Berlim incentiva a visita ao muro derrubado, tendo preparado a reconstrução de trechos do muro, com os grafites coloridos que presenciei com admiração.

Quando visitei Berlim, fotografei algumas pichações que são obras de arte. Uma delas traz o seguinte recado em alemão e traduzido por mim:

- “Se você quer que o mundo fique do jeito que está, você não quer que ele fique como era”. A frase finda em fique, então acrescentei “como era”.

Noutra inscrição, consta “Há muitas coisas a serem ditas”.

Para exemplificar melhor essa parte da história, podemos colocar a letra, em português (óbvio), de um dos maiores sucessos da Banda Pink Floyd “Another brick in the wall”, ou “Outro tijolo na parede”:

O papai voou pelo oceano

Deixando apenas uma memória

Foto instantânea no álbum de família

Papai, o que você deixou para mim?

Tudo era apenas um tijolo no muro

Tudo era apenas um tijolo no muro

“Você! Sim, você atrás das bicicletas, parada aí, garoto!”

Quando crescemos e fomos à escola

Havia certos professores que

Machucariam as crianças da forma que eles pudessem

Despejando escárnio

Sobre tudo o que fazíamos

E os expondo todas as nossas fraquezas

Mesmo que escondidas pelas crianças

Mas na cidade era bem sabido

Que quando eles chegavam em casa

Suas esposas, gordas psicopatas, batiam neles

Quase até a morte

Não precisamos de nenhuma educação

Não precisamos de controle mental

Chega de humor negro na sala de aula

Professores, deixem as crianças em paz!

Ei! Professores! Deixem essas crianças em paz!

Tudo era apenas um tijolo no muro

Tudo são somente tijolos na parede

Não precisamos de nenhuma educação

Não precisamos de controle mental

Chega de humor negro na sala de aula

Professores, deixem nós crianças em paz!

Tudo era apenas um tijolo no muro

Todos são somente tijolos na parede

“Errado, faça de novo!”

“Se não comer sua carne, você não ganha pudim

Como você pode ganhar pudim se não comer sua carne?”

“Você! Sim, você atrás das bicicletas, parada aí, garota!”

Eu não preciso de braços ao meu redor

E eu não preciso de drogas para me acalmar

Eu vi os escritos no muro

Não pense que preciso de algo, absolutamente

Não! Não pense que eu preciso de alguma coisa afinal

Tudo era apenas um tijolo no muro

Tudo são somente tijolos na parede

Para entender melhor a letra da música há a necessidade de assistir ao videoclipe.

No Brasil, pelo que me consta, não existem muralhas. Muro, porém, toda residência tem. Que pena! Que bom seria se pudéssemos derrubar os muros sem medo de ladrões.

AROLDO A MEDEIROS
Enviado por AROLDO A MEDEIROS em 28/05/2024
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