APRECIANDO A NATUREZA
Sabe aquela sensação infantil de se deslumbrar com pequenos acontecimentos que vão transcorrendo tão logo uma criança começa a andar, e ampliar seus horizontes, passando a desfrutar de uma visão diferenciada de tudo que a cerca.
Muitos de nós conseguimos, pelo menos em parte, preservar esse olhar de admiração frente à natureza, ou da ausência dela a nossa volta. Daí, aquele irresistível desejo de viajar e assim desfrutar de novas paisagens.
Quem não se emociona, de estar em local aberto, e se permitindo apreciar a força da natureza presente na aproximação de uma frente fria. Primeiro entra em cena aquele ruidoso sudoeste indomável, em seguida, uma calmaria se faz presente, enquanto o céu escurece as águas do mar vão ficando mais escuras e de repente flashes de luzes alteram momentaneamente o cenário. Nesse instante, o espetáculo se limita a uma profusão de luzes no horizonte.
Passado um momento, chega à hora da chuvarada entrar em cena, simultaneamente a temperatura despencava e o mar também se encapelava. No ar, aquele cheiro de chuva no asfalto se fazia presente, enquanto na praia, todo mundo corria em busca de abrigo, em minutos as areias se fizeram desertas.
Além da profusão de estromboscópicas luzes filtradas por pesadas nuvens, agora também o rojar dos trovões compõem o cenário, acompanham com uma espécie de atraso a luz emitidas pelos raios. Os sensores de iluminação pública são acionados e agora em prateado brilham não apenas pingos da chuva, mas também as calçadas recém lavadas, apenas areias que absorvem água se mantém opacas, enquanto sobem um tom na cor.
Por outro lado, em dias de céu azul, pessoas prolongam sua permanência nas areias, propiciando aos olhos o desfrute daquele manancial inesgotável de cores, que se inicia no encontro de céu e mar, e continua com o filtro de nuvens de diferentes tipologias que propiciam a apreciação da mágica paleta de cores, se alterando, à medida que nosso astro rei mergulha no horizonte.
Quando me chegam notícias da aproximação de nova ressaca, a atração para assistir esse fenômeno me leva a algum ponto estratégico, para assistir essa força estranha que se espalha em espuma ao colidir de frente com as rochas, produzindo muito barulho e jogando para alto partículas de vapor de água salgada. Interessante acompanhar a sequência desses vagalhões, que ao repicar nas rochas, propiciam colisões frontais, com novas paredes líquidas e móveis em seu deslocamento em direção a praia.
Quem mora no interior, pode até curtir outras riquezas naturais, mas são privados do mar e do espetáculo de luminosidade tão comum às baixadas litorâneas, além de desfrutarem normalmente de menos horas de insolação, independente da estação.
Se a moradia for locada em região serrana, o fator relevo vai restringir as horas de iluminação solar, nestes locais o sol desperta sempre mais tarde, e ainda mergulha atrás das montanhas bem mais cedo, inclusive no verão.
Por outro lado, este mesmo fenômeno propicia temperaturas mais amenas, sem levar em consideração o fator altitude, que reduz em um grau centígrado a cada cem metros subido.
No inverno então, o morador será obrigado a ficar procurando o sol, já sabendo de antemão, que sua passagem será curta, e ainda carregando pouco calor, devido sua acentuada declividade para norte.