Casos de Família !
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Os lampiões à querosene eram acesos às 17:00. O cheiro predominante era um rito misturado ao avô com o pito. No terreiro também era acesa a fogueira com velhas madeiras, bambus e folhas secas dos coqueiros.
O fogo era pra espantar os maus espíritos dos justiceiros mosquitos. Bichinhos amarronzados que tripudiavam, zombavam e zumbiam furando a pele , deixando uma gotícula de sangue reles na trilha do impetigo. Coceirinha gostosa que, até bolha dava.
O silêncio reinava , fora o coaxar e grilos com muito estribilho não muito distante daquele altar. Apenas o Dick, um cão dinamarquês, que era o meu melhor amigo, vez em quando ressonava com a cabeça no meu colo. Balançava as orelhas e bocejava. Ele pressentia a hora do Angelus.
O carrilhão dava as seis badaladas, e mamãe ligeira com o terço na mão, arrastando o chinelinho de fustão, secava a mão no avental com estampa floral. Puxava o banquinho; acendia a vela para a virgem bendita e baixinho ia na ladainha sem igual.
Eu sempre caia no sono porque eram muitos chiados de 'xis' que se ouvia, e a mãe ia solta na reza pra toda família.
Tia Lourdes que padecia com o seu marido cachaceiro, e de manguaça, trancava os pintinhos na geladeira. Tia Eulália solteirona, que nunca tinha dado uma bitoca sequer num homem muito menos num lobisomem! Tio Pernambuquinho que se envolvia com todas as sirigaitas e chamava atenção tocando gaita, o fanfarrão era um baita!...
E a mãe ia nesse ritmo, quiçá no istmo de toda a esfera da terra. Ao final de toda a reza; fazia o sinal da cruz com o polegar embebido no azeite, primeiro na minha testa e depois na cabecinha do Dick que, bocejava esticando as patas em sinal de aceite.
Quando o solitário badalo soava às 19:00; a mãe corria cheia de love pra por a mesa. Tinha o pai que chegaria para papar o creme de ervilha com as rodelas de baguete.
A noite transcorra sem avaria. Pai e mãe no ritmo mandavam eu escovar os dentes para que as cáries não mostrassem contentes furinhos pungentes. Eu e o Dick íamos para o quarto. Eu na caminha e ele na sua mantinha.
Mamãe apagava os lampiões e eu pedia a bença ao vô, mom and dad... Embaixo do estrado; sempre havia um escondido chiclete.
Essa história adere?