Ignorância fortalezense

Qual é a sua opinião sobre o amor?

Pergunto isto porque, apesar das mais variadas respostas que os leitores possam dar, imagino que a média das respostas seria positiva. Aprendemos a amar o amor, e penso que a maioria de nós o busca na vida. Talvez exceto na minha cidade…

Na segunda-feira (21/05/24) assisti a uma palestra na Universidade de Fortaleza. No auditório onde eu estava, uma professora na tribuna perguntou aos ouvintes: “Amar demais mata?”. Houve um silêncio no ambiente. Após alguns refletirem, certas vozes na plateia disseram que sim, amar demais mata.

Não vou informar o contexto da pergunta, pois defendo que em nenhum contexto essa resposta seria aceitável. Um amor assassino é um oxímoro. É como um fogo congelante ou um círculo quadrado. Quando o amor mata ou fere, ele deixa de ser amor. Ele mata a si mesmo. Este sentimento troca de roupa e se disfarça de alguma outra coisa qualquer. Traveste-se de apatia, ódio ou qualquer outro afeto distante do amor.

Minha mãe me ama. Sei disso porque ela já fez pequenos e grandes sacrifícios por mim [1]. Sei que minha ex-namorada me amou, porque fez coisas difíceis por mim e cuidou muito bem de mim, mas no momento em que começou a me ferir, o amor ficou retido, suspenso. Você consegue imaginar um amor que te arranque a vida em vez de enriquecê-la?

Outro acontecimento que achei curioso é que, diante da resposta da professora, não vi ninguém respondendo que o amor não mata. Nem mesmo eu, discordando da opinião unânime, levantei minha voz ou balancei meu dedo em negação. Será que ninguém naquele auditório conhece verdadeiramente o amor?

[1] Leia uma crônica minha sobre esse assunto: Não sei - https://www.recantodasletras.com.br/cronicas/8065873

Guilherme Sousa da Silva
Enviado por Guilherme Sousa da Silva em 26/05/2024
Reeditado em 26/05/2024
Código do texto: T8072180
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