DE REPENTE O VENTO
O vento enfurecido chicoteia as janelas e grita sua magnitude exuberante, exibindo o poder ameaçador de sua passagem súbita. Porque é assim que vez por outra age, como o inesperado assustador. Ele precede a chuva, une as nuvens gordas, espalha a poeira das ruas e soca violentamente casas e apartamentos, mostrando-se enlouquecido.
O céu imediatamente escurece, os pássaros voam em disparada em busca de abrigo, as árvores dançam descontroladas, bêbadas, perdendo folhas e galhos, inúmeras desabando. Quem anda pelas calçadas se apressa segurando seus pertences, mulheres jovens agarram saias e vestidos com vistas a evitar a constrangedora exposição de seus corpos. Gatos de rua, cachorros vira-latas e até ratos desprevenidos correm às tocas improvisadas em qualquer lugar, assustados. Todos procuram se refugiar, a tromba d'água dá-se como certas.
Iminente o aguaceiro com as inúmeras consequências decorrentes de seu intenso volume sobre a cidade. Se a queda pluviométrica for abundante como promete, bairros inteiros serão alagados, os bueiros para o escoamento do excesso, esquecidos pelos poderes públicos e usados por muitos como descarte de lixo e detritos, não têm passagem para levar as muitas águas até aos rios. Ainda que assim não fosse os leitos ultrapassaram seus limites. Poças d'água se formarão, o trânsito terá sua fluidez interrompida ou dificultada, a normalidade dos cidadãos passará a ter vários problemas a priori insolúveis. Algo pior, muito pior pode acontecer.
Junto com a chuva forte, o vento promoverá estragos, derrubará árvores por cima de veículos, invadirá residências, causará prejuízos a comerciantes e trabalhadores. As cidades, infelizmente, por mais modernas, prósperas e ricas que sejam, nunca estão preparadas para enfrentar devidamente os inusitados arroubos da natureza. Os seres humanos e seus bens, infelizmente, pagarão a conta. Amargo cenário🌧️😭