O Rio das Borboletas
Tem alguns rios com esse nome por aí, mas esse é o nome pelo qual o povo ribeirinho se refere ao Rio São Francisco; é um belo nome, ainda mais se considerarmos que borboletas não são exatamente aquáticas, ou pelo menos, não na acepção do termo. O que torna mágico o São Francisco são seus mistérios!
Senão, e as carrancas de seus barcos. E os paredões intransponíveis. E o sono do Rio. As almas que por ali vagueiam e vagueiam porque não alcançaram as estrelas; todo rio tem suas lendas, as do São Francisco são absolutamente recobertas de magia.
Gosto de citações poéticas tipo “o Tejo não é mais bonito que o rio que corre pela minha aldeia” (Pessoa) ou a letra da canção “Riacho do Navio” (Gonzaga / Zé Dantas) ou ainda “as pessoas só se lembraram de que ali havia um riachinho quando não ouviram mais o ruído de suas águas” (Guimarães Rosa).
Rios! Toda cidade só existe porque por ali passava um rio; aflorava uma nascente!
Da Serra da Canastra, mineiríssima, para o mundo corre o São Francisco assim como da Serra da Mantiqueira para o mundo corre o Rio Caracol. Borboletas, Golondrinas, Gaivotas sobrevoam por ali e suas águas, em noites de lua, trazem as estrelas para o leito do rio, talvez para resgatar as almas que as não puderam alcançar.