A Cidade de Cora Coralina

 

Vai longe o tempo em que aprendi na História do Brasil sobre as entradas e bandeiras e, dentre estas, sobre a bandeira dos dois Bartolomeus (Bartolomeu Bueno da Silva, pai e filho), chamados pelos índios de Anhanguera, que quer dizer, como sabemos, “diabo velho”, sempre citada por quase todos, se não por todos, os livros de História do Brasil.

 

Bartolomeu Bueno da Silva, filho, foi o fundador – diz-nos a História – do Arraial de Sant'Anna, depois Vila Boa de Goiás, em 26 de julho de 1727, embora, faz mister registrar, haja controvérsias sobre essa data. Vila Boa de Goiás, Goiás Velho e, por fim, Cidade de Goiás, ou apenas Goiás, é a terra natal de Cora Coralina e de tantos outros vilaboenses ilustres.

 

Como me tem sido em relação a várias coisas da vida, guardei comigo durante muito tempo o sonho de visitar a terra de Cora Coralina. Demorou, mas agora o fiz: fui a Goiás Velho, em 8 de abril de 2017, um sábado ensolarado e belo. Coincidentemente, 8 de abril é, na Literatura, o aniversário de lançamento do romance O Ateneu, de Raul Pompeia, que se deu, segundo a história, há mais de um século – precisamente em 1888 –, assim como mais de um século tem a bela e culta Cidade de Goiás.

 

Fui e gostei muito. Amei a viagem, embora tenha sentido a todo instante a ausência da Câmelha, que, preferindo ir às compras em Goiânia naquele sábado, não me acompanhou na tão esperada viagem cultural. A cidade é pequena para sua idade centenária e, mais do que isso, para sua importância sui generis na política do Estado de Goiás, mas é bela e culturalmente rica, com seu traçado urbano, pavimentação e arquitetura característicos do século XVIII, seus belos museus e sua história.

 

Arraial de Sant'Anna, depois Vila Boa de Goiás e agora Cidade de Goiás, ou – como se preferir – apenas Goiás, também chamada de Goiás Velho, foi a sede da Capitania, no tempo das capitanias hereditárias, depois da Província e, por fim, do Estado de Goiás, estado-membro da Federação. Não é, pois, sem razão que foi tombada como patrimônio histórico e cultural mundial pela Unesco.

 

Meu guia foi o amigo Dr. Nilson Gomes Carneiro, jornalista e advogado goiano, homem culto e de boas maneiras, que, com muita atenção e boa vontade, levou-me no seu automóvel e guiou-me pela cidade, onde visitamos a Praça do Chafariz, o Museu das Bandeiras, o Museu de Arte Sacra da Boa Morte, o Palácio Conde dos Arcos e o Museu Casa de Cora Coralina.

 

 Almoçamos no Restaurante Flor do Ipê e visitamos ainda, muito rapidamente, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Não havia mais tempo: precisávamos voltar para Goiânia, por causa do baile de formatura da Nilma Gomes Carneiro, irmã dele e dos também meus amigos e colegas de profissão Dr.ª Nilza Gomes Carneiro e Dr. Nilton Gomes Carneiro.

 

De mais tempo naquele dia quisera eu dispor para ter andado por lá, mas valeu a pena! Goiás, a cidade de Cora Coralina é simplesmente inesquecível, apaixonante! Aliás, para mim, tudo que diz respeito a Cora Coralina é apaixonante: sua história, sua coragem, seu jeito altivo de viver e ver as coisas, sua poesia.