NOSSA INFÂNCIA

Durante nossa infância, como não tínhamos condições de comprar brinquedos de loja, então fabricávamos os nossos próprios brinquedos.

Utilizávamos pedaços de tábua, latas de óleo de comida, chinelos velhos, pregos e barbante. Tudo isto se tornava em matéria prima para a fabricação de carros, caminhões e tratores. E quando não conseguíamos no lixo do quintal todo este material, bastava encontrar uma simples garrafa de água sanitária vazia, um pouco de terra para enchê-la, um pedaço de arame e um barbante para puxá-la, e... pronto! Estava feito nosso novo brinquedo, e logo começávamos a apostar corrida numa grande pista imaginária de Fórmula-1.

Uma das minhas especialidades era a fabricação de anzol com arame de caderno que eu amarrava em uma vara de memeleiro com linha de carretel tirada da máquina de costura de minha mãe. O anzol artesanal era para pescarmos piaba no açude de meu avô, que ficava em uma vazante no Sítio Chã de Areia. Mas, para a minha surpresa, muitas vezes era somente um cágado enxerido que vinha quebrar o silêncio da manhã e a tranquilidade das águas barrentas, com a sua intrepidez que acabava com nosso anzol, torando a linha ou quebrando a varinha no meio.

Que tempo maravilhoso foi aquele!... Éramos felizes com tão pouco... Tínhamos o amor de nossos pais, um teto para morar e um paraíso para brincar.

E isso era o suficiente para sermos felizes, para sonharmos todos os dias com novas e vibrantes aventuras.

AVENTURAS DA INFÂNCIA

Eu saía pela Chã de Areia afora

Procurando um troféu, uma colmeia,

Não faltava uma aventura, uma ideia,

Na minha infância que relembro agora.

Pescar de jereré a qualquer hora,

Pegar um passarinho de alçapão;

Fazer de tábua e lata um caminhão,

Um carrinho de corrida e ir embora!

Tomar banho de rio e de cascata,

Ir caçar passarinho pela mata:

Armando uma arapuca pro nambu.

Fazer tudo que desse em nossa telha,

Esfumaçar a casa das abelhas

Pra colher o puro mel de uruçu!

— Antonio Costta