Vida que Segue
HAVIA em Arcoverde, Porta do Sertão Pernambucano, um cara muito engraçado chamado Noé do Bar. Ele tinha umas tiradas arretadas em qualquer situação. No auge de uma aflição generalizada, o nosso filósofo popular dizia: “Se a comida é essa pra que engulhar?”.
É dele que me lembro quando vejo o mundo desabando nas manchetes da mídia. É claro que me comovo, me revolto, fico triste. Mas de tanto tomar conhecimento de tragedias e violências no mundo todo, às vezes me bate uma espécie de realismo do tipo egoísta mas lógico. Sim, constato que sou apenas um pobre velho que não pode fazer nada para sanar as coisas. Mais, que preciso moderar minha indignação e revolta para preservar meu resto de vida. Egoísmo? Concordo. Mas chega a hora que a ficha cai e a gente entende que precisamos maneirar para não encucar. Ser solidário é uma coisa, mas ficar estressado e fora da órbita é outra coisa.
No mais, vida que segue com solidariedade mas sem exagero. Que Deus nos proteja. William Porto. Inté.