AQUELE CORAÇÃO SEM JUÍZO

Tornei-me um reles e triste esquecido nesses últimos dez anos. Alguém obsoleto, irrelevante cujo papel no ambiente familiar desproviu-se de sentido. Sim, completamente descartado como jornal de ontem empacotando o peixe do mercado e depois jogado na cesta de resíduos da área de serviço.

Culpo o espelho quando me olho, mas sobretudo aquele coração romântico e sem juízo que se envolve com sonhos. Permito-me devanear e termino despencando, esqueço tudo de antes quando me jogo na nova aventura que se me depara. Sem medir consequências, contudo elas em pouco veem trazendo a reboque um desastre arrasador. Acabo só e amargurado. Sem o ontem, o hoje e decerto também o amanhã.

Esquecido sem dúvidas porque bem antes esqueci, abandonado pois buscando utopias abandonei, chorando por ter feito chorar, triste porque atrás de mim deixei um rastro de tristeza. Ao descartar, descartado fui, fugindo da realidade à procura de ilusão topei com o pesadelo do inesperado desamor. Plantei mal, agora colho o resultado. A caça teve o dia dela.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 22/05/2024
Código do texto: T8069100
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