Eu não vou me acostumar
Namorar é bom demais, porém judia do coração quando se está longe.
Estou distante, acomodado num apto pequeno em que a janela é telada.
Aqui os amanheceres são lindos. A janela dá de frente para o nascer do sol. Todos os dias o vejo nascer aprisionado.
Somos dois prisioneiros. Ele pela tela da janela e eu pela saudade de você.
Conversamos todos os dias por chamada de video. Temos um horário padrão.
E todo dia quando o sol se vai e a noite vem chegando o peito vai apertando. E neste momento que antecede o encontro, através do celular, o verso de Arnaldo Antunes é real: " Nem o prego aguenta mais o peso deste relógio."
Hoje existe muitas maneiras de sentir- se perto: mensagens, vídeos, áudios , apesar de tudo isto não me satisfaço. Apesar de toda esta tecnologia me sinto como o verso de uma canção do Roberto que acaso tocou no rádio do carro quando vinha me dirigindo para este nosso momento virtual:
"Eu não vou saber me acostumar
Sem ter as suas mãos pra me acalmar."