A Ignorância Coletiva nas Redes Sociais
O Instagram é o reino ilusório da vulgarização da felicidade. Local onde rostos sorridentes, coreografias ensaiadas e conselhos instantâneos formam um espetáculo de completa superficialidade.
Impera a imbecilização promovida pela internet, onde todos, independentemente de conhecimento ou experiência, têm a mesma plataforma para disseminar suas opiniões. Um mundo onde a simulação substitui a realidade, e a ilusão se torna mais real que o próprio real. Hoje precisamos tirar um tempo no mundo concreto, ter experiências com coisas reais para descansar do excesso de uso das redes sociais.
Em locais como o TikTok, essa simulação atinge seu apogeu. Perfis cuidadosamente montados mostram vidas perfeitas, viagens dos sonhos, corpos esculpidos em academias - uma aparente e constante felicidade. A realidade é filtrada, retocada, transformada em uma obra de ficção. A verdade se dissolve em fotografias e vídeos de quinze segundos. O que vemos é um espelho distorcido, refletindo não o que as pessoas são de fato, mas o que desejam aparentar.
A consequência disso é uma nova forma de ignorância mascarada de sabedoria. Na busca incessante por likes e seguidores, a reflexão é trocada pela reação instantânea. A complexidade do pensamento cede espaço à simplicidade das tendências virais. O conhecimento profundo é substituído pelo saber superficial. O algoritmo premia a repetição, a uniformidade, a previsibilidade, enquanto a originalidade e a profundidade são relegadas ao esquecimento.
Nos comentários, debates se tornam batalhas de egos inflados, onde a razão geralmente é assassinada. A opinião infundada encontra um terreno fértil para se espalhar, contagiando mentes ávidas por fake news que reforçam seus preconceitos e negacionismo da realidade. A crítica, quando surge, é superficial, limitada a palavras curtas e emoticons. Momento também em que idiotas vomitam xenofobia, racismo e outras porcarias mais. A internet deu voz a uma legião de imbecis, e nas redes sociais, essa voz é amplificada até as redes sociais se tornarem um antro de intolerâncias. Vivemos na hiper-realidade, onde a vida virtual substitui a experiência concreta.
A ignorância coletiva nos acompanha moldada pela forma de nosso consumo digital. Neste contexto, onde está a realidade? Editada milimetricamente em um Photoshop. Horas de aparentes alegrias e encantos que falseiam o vazio no peito das pessoas. Ela está aprisionada nas banais emoções, tinderizadas no encontro de pênis e vaginas. Expressa nas idiotas coreografias coletivas de TikTok. Nos streamings, apenas filmes cor de tédio, películas blockbusters a gerar barato entretenimento para o povo reforçam esse vazio.
Olhos antenados em filtros de meméticas histéricas coletivas e presos em um multiverso, em uma realidade paralela repleta de criaturas mitológicas. Rompe o obscurantismo nos smartphones e likes das vidas superficiais. Os fatos são agora coadjuvantes nos testemunhos do mundo. Criam milícias que jogam as informações na ordenança da falsidade. Os incontáveis simulacros virtuais são os embriões que galopam aos ouvidos xucros saberes. Notícias virais contadas por não especialistas contaminam as ruas de embustes. O compartilhamento memético em repetidos cliques torna-se o elemento mais fino do planeta.
A nova caverna platônica está posta nas mesas dos desavisados. A verdade é agora um mergulho raso de aventureiros bestializados, locuções reproduzidas em objetos luminosos a divertirem com bobagens a massa sedenta de novidades. Dessa forma, a geração de hoje se faz em mil lições mal aprendidas digitalmente. Ela observa o calendário de inovações high-tech enquanto reproduz em memes asneiras que beiram a Idade das Trevas: a Terra é plana. O homem nunca pisou na lua. O nazismo é de esquerda. O capitalismo é bom para os pobres.
21.05.2024