Semeando pelo caminho

Hoje eu acordei meia "Cora Coralina" e meia "Alice no País das Maravilhas."

Ambos: Cora coralina e Lewis Caroll

( autor de Alice ) falam da mesma coisa: Sobre CAMINHOS.

Que caminho tomar, que caminho seguir? Todos almejam subir uma montanha, um Everest qualquer mas, se esquecem de que a maioria que chega lá acaba se frustrando. A empolgação é só nos primeiros minutos porque depois nem elas mesmas sabem o que realmente foram fazer lá naquele pico. Muitas pessoas querem mostrar força, superação, ultrapassar limites e poder dizer "Eu cheguei lá!" Mas lá aonde? Era realmente o Everest que você queria escalar ou foi porque a multidão dizia que ali sim era o melhor caminho?

E se era o melhor caminho porque o vazio? Porque a sensação de que vai precisar escalar outra montanha? Porque tinha que ser aquele cume mais alto sendo que havia lugares maravilhosos para conhecer e explorar?

Porque eu tenho que escolher caminhos que os outros querem que eu escolha? Porque eu não posso escolher o meu caminho? O caminho que acho certo e que me trará paz?

Cora Coralina na sua sabedoria disse em um texto: "O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher. "

Ela quis dizer que de nada adianta seguir a multidão e não observar o teu próprio caminho. Se não semear durante a caminhada e ficarmos apenas focado na montanha jamais aprenderemos nada! No final não teremos o que colher e aí será uma caminhada em vão.

O que eu quero dizer é que por mais que você esteja ocupado com o seu trabalho, afazeres e contas a pagar, jamais deve deixar de olhar para quem está ao seu lado. A falta de tempo nos faz perder momentos incríveis e preciosos ao lado das pessoas e também de poder aprender com elas. Os idosos em casa merecem um pouco de atenção pois eles têm tanta sabedoria a nos passar! As crianças que sempre são usadas por Deus para nos alertar de algo, para nos animar e, muitas vezes nem prestamos atenção tamanha correria. Os animais, as plantas... Quando nos desligamos e deixamos de ficar pensando na montanha que temos de subir, passamos a dar valor em nossos passos. Desaceleramos e passamos a nos preocupar em jogar sementes pelo caminho, exatamente porque nos importamos com o próximo. A caminhada se torna mais leve e não forçada porque começamos a entender que o importante para se chegar lá são as lições do nosso caminho.

Hoje cedo quando eu estava me aprontando para mais uma caminhada vi que estava fazendo tudo no automático e não por prazer. Parei e notei que assim não faria efeito. Enquanto eu me arrumava me entristeci e perguntei a Deus porque a melancolia se eu estava saindo para mais uma caminhada. Ele me respondeu: "A caminhada não deve ser pesada e sim prazerosa".

Sim, depois dessa frase martelando minha cabeça entendi que se a caminhada estava sendo pesada eu teria que começar tudo de novo, da maneira correta. Rasguei a folha de dias e horários que havia pregado na parede e disse a mim mesma: A partir de hoje você só volta a caminhar quando realmente quiser semear!

Lembrei de mim, de minha vida, escolhas e, das muitas consequências. Por uns instantes me senti perdida mas recordei das flores que eu havia plantado pelo caminho. Eram lindas, resistentes, coloridas! Porque agora eu tinha preguiça de semear novamente? Ou receio?

Talvez receio porque fizeram isso e aquilo comigo, então eu não vou conseguir fazer nada? Que nada dará certo?

Como é fácil jogar a culpa em alguém quando na verdade a vida é minha! a luta é minha, a montanha é minha, a vitória é minha...

Hora de recomeçar a caminhada, sem cobranças e, apenas com mais disciplina e, atentando para as sementes que vou lançar e não para "a self que vou fazer quando chegar no alto da montanha."

Enfim, finalizo esse meu texto metafórico com as palavras do Coelho de Alice respondendo a indagação dela:

( Alice ) Quanto tempo dura o Eterno?

( Coelho ) Às vezes apenas um segundo! *Alice no País das Maravilhas

Portando aproveite o caminho. O caminho certo.

Andreia Caires