Gilberto Gil. A Sinfonia da Vida em Notas e Cores
Gilberto Gil: A Sinfonia da Vida em Notas e Cores
Numa tarde ensolarada, o vento suave carrega consigo o ritmo contagiante das canções que ecoam pelas ruas de Salvador. A cidade respira música, e no centro desse universo sonoro está Gilberto Gil, um artista que transcende as fronteiras da música brasileira.
Ao caminhar pelas vielas do Pelourinho, é impossível não sentir a presença vibrante de Gil. Sua música é uma trilha sonora que entrelaça as histórias, as culturas e os sorrisos de um povo diverso. Nasceu em 1942, mas sua arte parece ter raízes ancestrais, conectando-se a um legado musical que pulsa desde os tempos dos candomblés até os acordes modernos da Tropicália.
Gilberto Gil não é apenas um músico, é um alquimista cultural. Sua jornada começa em Ituaçu, na Bahia, onde cresceu ouvindo os cânticos das lavadeiras e o repicar dos atabaques nos terreiros de candomblé. Essa miscelânea de influências sertanejas e afro-brasileiras moldou a base de sua musicalidade, transformando-o em um arquiteto sonoro que constrói pontes entre tradição e modernidade.
A juventude de Gil se entrelaça com a efervescência cultural e política do Brasil nos anos 60. A Tropicália, movimento que ajudou a criar ao lado de Caetano Veloso e outros artistas, foi um terremoto cultural que desafiou as convenções e lançou as bases para uma música brasileira inovadora e eclética. As canções de Gil eram como manifestos, poesias que ecoavam contra a censura e a repressão.
A vida de Gilberto Gil é tecida com fios de resistência. Nos anos de exílio, sua música se transformou em um farol que iluminava os caminhos escuros da ditadura militar. Ao retornar ao Brasil, a democracia estava reconquistada, e Gil continuou sua jornada, explorando novos territórios musicais e desafiando as fronteiras entre gêneros.
O palco é seu laboratório, e Gil, o cientista da música, experimenta com sons e ritmos de todo o mundo. Do reggae ao forró, da música africana ao pop, ele navega pelos oceanos sonoros, criando uma sinfonia única que é ao mesmo tempo global e profundamente brasileira.
Sua caminhada é uma celebração da diversidade, da liberdade e da paixão pela vida. Como um trovador contemporâneo, suas palavras ecoam como poesia, contando histórias de amor, saudade, esperança e luta.
Gilberto Gil é mais do que um músico. Ele é um embaixador cultural, um guardião das tradições que também abraça o novo. Sua jornada é um testemunho de uma vida dedicada à música, à arte e à construção de pontes entre culturas e gerações.
Ao entardecer, quando o sol se põe sobre o Pelourinho, as notas de "Aquele Abraço" ressoam pelas ruas de paralelepípedos. É o hino de um artista que, com sua crônica musical, abraça não apenas sua terra natal, mas todo o vasto e diverso universo da humanidade. Gilberto Gil, o maestro da vida, regendo uma sinfonia eterna que ecoa além das fronteiras do tempo. Um verdadeiro imortal.
Zezé Libardi
Esta crônica ficou entre os seis classificados de um concurso nacional e internacional promovido pelo CEAT e Prefeitura do Rio de Janeiro. Recebi o certificado no dia 19/05/24 numa feira literária no Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro.