Lenha na fogueira
Navegando pelo mar de vídeos do YouTube, apareceu como sugestão: “Ótima ideia para fazer fogão a lenha em casa”. A curiosidade me disse: — clique no link, agora! — Eu obedeci.
A música de fundo era tenebrosa, quase pulei fora. Mantive-me firme, mas baixei o volume. O vídeo se tornou interessante à medida que o moço ia construindo o fogão. Ele usou uma lata de tinta velha, pedaços de barra de ferro e fez um pouco de concreto. Um projeto simples, barato e engenhoso. Ao final, cozinhou batatas numa panela velha. Sérgio Reis disse que panela velha faz comida boa.
Há tempos queria um fogão a lenha, eis a oportunidade de construir um. O meu espírito ficou inquieto. Sabe aquela coisa que você tem que fazer? Se não fizer, o tormento psicológico lhe visitará todas as noites. Quem controla as vontades o tempo todo?
No meio da semana comprei cimento, areia, arrumei uns pedaços de barra de ferro e um galão de grafiato para o molde. Coloquei tudo no canto da garagem. A ansiedade estava me deixando agitado: “lenha na fogueira, lenha…”. Eu tinha que resolver logo esse assunto.
Na sexta-feira, junto com o galo, comecei a bagunça. Não tenho prática com trabalhos desse tipo. Sou informatizado até demais. Mesmo assim, a coisa foi saindo. Cimento nos olhos, na boca e pra todo lado. Parecia criança se lambuzando com bolo de festa. Um errinho aqui, outro lá. Nada que comprometesse o projeto.
No sábado o concreto estava seco, logo vi que o acabamento estava inacabado. Mas a vontade de cozinhar qualquer coisa era muito forte. Perdi outra vez para a ansiedade. Se funcionasse, tudo bem! Mesmo sendo o fogão a lenha mais feio do mundo.
Eu cozinhei salsicha e não batata. É claro que usei panela velha!