PERSONAGENS DA VIDA REAL.

Recentemente eu terminei de ler um ótimo livro, para ser sincero, um livro espetacular. Por título, "O engenheiro da morte, escrito por Márcio Pitliuk", na primeira parte do livro a trama se passa na segunda guerra mundial, abordando a vida de certo personagem, engenheiro químico na Alemanha nazista, responsável pelo desenvolvimento do gás Taifun B, utilizado nas câmaras de gás. Não vou entrar em muitos detalhes do livro, quem tiver a oportunidade leia-o. Digamos que o personagem central, o engenheiro Carl Farben, marcou o livro do começo ao fim. Geralmente quando eu leio algum livro que me prende, impactante, cujo personagem é destacado com maestria, inevitavelmente tenho por costume de visualizá-lo em qualquer pessoa do meu círculo de convivência é como se aquela pessoa fosse a inspiração para tal personagem. Não que essas pessoas com as quais convivo sejam exatamente daquele jeito, nada disso, eu apenas projeto algumas características do personagem do livro nelas. E foi justamente o que aconteceu com esse personagem do engenheiro da morte. Eu não sei dizer exatamente o motivo, porém, eu enxerguei em um dos engenheiros que trabalham comigo características de tal personagem. Não entendam errado, esse meu colega é uma excelente pessoa, no entanto, alguma coisa em seu perfil me pareceu semelhante com alguns traços do personagem. Claro que eu não falei isso para ele, mas, se de repente ele fosse um ator de cinema, e se fossem fazer um filme sobre o livro, esse colega se encaixaria perfeitamente.

Talvez, você, amigo leitor, assim como esse que vos escreve, também projete em outras pessoas os personagens de seus livros prediletos. Quem sabe você mesmo não se compare com algum personagem. A verdade é que os autores se inspiram em pessoas muito próximas para criar suas histórias. Falo isso por experiência própria, em meus livros, em cada indivíduo projetado, está um pouco daqueles que me cercam, com suas marcas únicas, tornando essas criações literárias únicas também.

Eu sempre escrevo poesias, desde a época da escola, a poesia está no ar que respiro. A prosa veio depois, bem mais tarde, começou justamente com as crônicas, depois me aventurei em pequenos contos, até encarar os romances. Ler é outra paixão, também está presente no ar que respiro. As leituras me ajudam a entender a criação das histórias e personagens. Às minhas vivências e das pessoas com as quais eu convivo, com toda a complexidade que as acompanha, terminam por vestir os meus personagens. No começo eu tinha dificuldade de colocar características de pessoas tão próximas nas minhas obras, achando invasivo e expositivo demais, porém, descobri com outros escritores que a receita é essa e não tem outra.

A minha vida e daqueles que são próximos, de alguma forma estão eternizados nas palavras e nos personagens que habitam as minhas histórias. Isso não é exclusividade minha, pelo contrário, os escritores no geral se utilizam desse artifício. Eu mesmo me projeto em alguns personagens, vivendo dentro do livro o que não posso do lado de fora. Nem sempre o que está na vida real chega a altura do que está nas nossas cabeças, salvo raros momentos em que ela chega bem perto. Hoje um desses raros e belos dias.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 19/05/2024
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