Breve e colorida paixão de carnaval
Nos conhecemos pouco antes dela me convidar para brincar o carnaval em um bloquinho de rua no centro de São Paulo. Estava belíssima, com os arredores dos olhos pintados até as têmporas em verde e vermelho, um pozinho brilhante e dourado apegado à sua pele através do suor.
Usava uma saia de camurça amarronzada, revestida de crina de égua, e uma blusinha vermelho-amor de verão com paetês em muitos tons de verde. No lóbulo de sua orelha esquerda pendia um brinco comprido de pena de tucano, emoldurando seu rosto pequeno e bem talhado que se misturava com graça aos seus cabelos cumpridos, morenos e enrolados nas pontas.
Enquanto nos espremíamos entre milhares de foliões, o álcool fazia efeito, nos deixando cada vez mais à vontade para dançar, cantar e suar. Ações que naturalmente convertem-se em sexo. Foi o que aconteceu entre mim e a foliã purpurizada de olhos de alcaparra azeitados.
A cama estava pronta rente ao chão, limpa e escovada, minorando o excesso de pelos que se soltam ao milhões do Choco (sempre achei que através da ciência genética poderia se criar muitos Chocos, apenas com os pelos que se soltam de seu corpo jovem e esguio em um único dia).
Admito que meu ninho amoroso não era um primor em matéria de conforto, sobravam à mostra uns pedaços de madeira, parte da estrutura que outrora fora um sofá-cama. Restava ainda assim, pequenos nacos de espumas que eram por onde deslizávamos em nossa reinação erótica. Iniciei com uma delicada e úmida lambidela em suas espáduas tatuadas com uma pequena rosa vermelha, chegando até sua nuca escondida por finos e cheirosos fios de cabelo; desci pelo caminho de seu pescoço e descobri ali, uma tatuagem bastante original: a fórmula de Bhaskara, levando-me a pensar que a foliã em meus braços era, em dias comerciais, uma professora de matemática.
A estas alturas, eu alcançava uma ereção priapica, obelística e sem esperar encaixei-me dócil e apaixonadamente em sua molhada Yoni que pronta, que suada, que escorregadia, esperava-me!
Pus a trabalhar meus quadris (tantos exercícios pélvicos aprendidos no livro de Alex Confort, não foram afinal, despropositados). Nesta vida aprendi que para obter um prazer inesquecível, o segredo é não adiantar o jorro, não gozar antes de trinta minutos, em nenhuma hipótese.
Uma breve interrupção em nosso recontro: levantei-me e botei a tocar em meu mini system My Favorite Things, de John Coltrane. Um hábito adquirido em carnavais passados. Voltamos. A coisa recrudescera! Os sons gemidos entredentes, os suores eram impregnantes, minha pele colorida e brilhante era uma extensão de seu corpo, que se movia e se comunicava. Falava baixinho, eu contava as minhas impressões sobre estar “dentro dela”, que me chamava “meu amor” e isso excitava-me ainda mais, mesmo sabendo ser impossível amar uma pessoa em apenas quatro dias festivos. Mas, quem se importa? Ninguém acredita mais no velho amor!