Uma cena para quem se apaixona no parque
A gente observava plenamente interessados uma alegre e bela cantárida flanando sobre meu antebraço, em estado de grande sintonia (típica dos recém-apaixonados) exclamamos ao mesmo tempo: “Caralho, que louco!”
Permaneci por alguns segundos neste estado semi-catatônico, admirando aquele inseto verde-azulado com misteriosos reflexos avermelhados, de patas delgadas, parte quintessência da natureza, parte repugnante, devido à semelhança com patas de baratas.
Como que me interrompendo de um intenso fluxo de pensamento, o qual devaneava sobre Charles Darwin e a evolução das espécies, Diana me questiona (em um tom alarmista) se eu não sentia nojo permitindo que aquele “bicho esquisito, parente próximo de repulsivas baratas”, andasse sobre meu braço.
Sobressaltado, assoprei para longe de mim a outrora bela, misteriosa e breve, cantárida!