UMA CONJUNÇÃO DE FENÔMENOS INTERAGINDO SOBRE A CIDADE MARAVILHOSA
Parece que agora até os negacionistas de mudanças climáticas vão ter que botar as barbas de molho, independente da vertente a que eles se filiaram.
Já vai completar dezoito dias de estiagem na cidade maravilhosa, claro estamos no outono, estação de transição para o inverno, este sim caracterizado como o mais seco das estações.
Como se isto não bastasse para confirmar que alguma alteração está ocorrendo, este outono tem convivido com temperaturas atípicas, você até entende uma onda de calor de vez em quando faz parte do esperado para o mês de maio.
Agora quase três semanas de temperaturas sempre acima dos trinta graus, não deve e não pode ser considerado como ondas de calor, afinal ondas passam, mas esse calor estacionou seu fogareiro literalmente por aqui.
E então, outro fenômeno atmosférico também resolveu se estabelecer na região, afinal a proximidade do mar sempre deu uma amenizada no clima, além de trazer umidade, devido à proximidade com o mar.
Nesses dias de maio passamos a conviver com a comunhão destes três fatores atuando conjuntamente sobre a cidade. Para quem tem por hábito apontar a vista para o horizonte, já deve ter se dado conta, que uma espécie de névoa marrom clara se estabeleceu por toda parte.
Essas partículas em suspensão resultam basicamente de queima de combustíveis, associada à ausência de vento e complementada pela falta de chuva para lavar a atmosfera.
Não sei como andam os mananciais de água da cidade, mas acredito que deve estar sendo mais custoso produzir água de qualidade, pois nosso principal fornecedor, o rio Paraíba do Sul, não tem recebido insumos em sua cabeceira, e muito menos no seu trajeto sinuoso no planalto que liga as duas mais importantes capitais federativas.
Em outras palavras, seus afluentes ao invés de chuva têm captado mais esgotos e dejetos químicos, portanto, encarecendo e dificultando a produção de água potável na maior adutora do país, o Guandu, que recebe água do rio homônimo, na realidade um rio criado a partir da geração de energia da usina de Ribeirão das Lajes, que retira parte da água do rio Paraíba do Sul.
Vamos torcer para que as travessuras do El Niño passem logo, pois existe previsão de que sua irmã (La Niña) deve entrar em campo do segundo semestre, também fazendo uma bagunça com o clima no Brasil.