Sim, temos inimigos íntimos. Aquele que entre a multidão nos remete a uma verdadeira repulsa. Há episódios corriqueiros de racismo explícito, homofobia desavergonhada e, outras discriminações espúrias, como aquela que manifesta pavor por criança autista. Sim, as discriminações de todas as formas é mais trivial que as baratas que são feias, porém não são privilégios de único país. Não é porque seja universal que devemos aceitar. É indigno silenciar. É indigno fingir que não entendeu. E, pior é endossar por omissão. Sinceramente, não entendo certos pejos, somos um país mestiço. Mas, isso também não é exclusivo caráter de nosso país. Imagine aquele sujeito arrogante, deselegante e que nos faz ouvir seus grasnados sobretudo. Do mais burlesco ao mais íntimo. Aquele sujeito que se nos der "bom dia", parece-nos um tabefe no rosto. Não respeita ninguém. E, ainda é misógino. E, eu na minha viciante ironia, lhe perguntei se tinha, de fato, teria nascido de um ventre feminino. E, boquiaberto, sem entender, afirmou: é claro!. Ao que respondi: - Não!... vociferei, a sua misoginia me indica que você nasceu dos bagos do pai... você odeia as mulheres, de qualquer faixa etária, de qualquer etnia, estética ou classe social. No trabalho, ao falar com outros homens era educado, até sussurrava.... pasmem... Mas, ao falar, com as mulheres, parecia o Brucutu em crise hepática... Passei a notar, que ao censurar uma mulher gesticulava tremendamente. Fazia um balé esquisito entre a epilepsia e dislexia. Já ao censurar um homem, tentava ser delicado e até sutil. Como se fosse possível um gambá açodado ser sutil... Enfim, era meu inimigo íntimo. Quando faleceu, e me comunicaram onde seria o velório, o premiei com minha ausência. Pois, se em vida, não tinha o porquê homenagear, imagine, em morte... Memento mori (lembre-se de que és mortal).