AMADO OU TEMIDO
Francisco de Paula Melo Aguiar
A palavra solidariedade é muito linda, porém, na prática ela desaparece como a política antes e depois da eleição.
A solidariedade é o rosário de interesses como "elã" sem resiliência.
Não se confunda fogo amigo com amigo fogo.
Qual a linha de investigação envolvendo esse ou aquele caso que a solidariedade política ou policial não tem interesse em fazer ou deixar de fazer?
No rol do esquecimento público existem milhares de casos insolúveis, porque não foram investigados.
É só não redar uma palha.
E ponto final.
A segurança pública é política de Estado e não de governo, portanto interessa a todas as ideologias inominadas.
Se assim não for, não existe segurança pública aos cidadãos, independente de suas ideologias, porque o Estado não tem ideologia de esquerda, de centro e nem de direita ao cobrar impostos diretos e indiretos nas três esferas de poder.
O Estado que engloba os poderes: executivo, legislativo e judiciário, não precisa ser amado ou temido, precisa ter solidariedade a tudo e a todos, cobrando direitos e deveres, como cobra impostos para se manter, e não fazer vista grossa diante da injustiça privada ou pública contra o cidadão que com trabalho, suor e lágrimas, o mantém.
Pois, se "chegamos assim à questão de saber se é melhor ser amado do que temido. A resposta é que seria desejável ser ao mesmo tempo amado e temido, mas que, como tal combinação é difícil, é muito mais seguro ser temido, se for preciso optar", conforme nos ensina o filósofo, historiador, poeta, diplomata, tradutor e músico italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527), em sua obra "O Príncipe".
Antes que o esquecimento sepulte o que pensamos e vemos, o cidadão comum não tem o aparelho policial do Estado a seu favor, uma vez que nasce, vive e morre desfilando pelas ruas, praças, ares e mares de todos os continentes e ideologias, sem a ideologia da solidariedade para garantir o direito à vida no ir e vir, como consta na mortalha da Carta Magna de 1988 que impõem direitos e deveres, onde os deveres são maiores e sabotam a cidadania à luz do sol, salvo, raríssimas exceções.
Diante da falta de solidariedade individual e coletiva da segurança pública à cidadania comum que mantém o Estado e suas instituições, entendemos que "os homens tem menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha", conforme o pensamento de Maquiavel, antes citado.
O crime organizado ou não, é temível e não amado, apesar que ambos se confundem, diante do silêncio imposto ao indivíduo e ou a massa em que está inserido, diante das desigualdades sociais.
Os criminosos de todos os naipes são temidos e não amados, diante da omissão do Estado que se confunde com o governo de plantão, fazendo política partidária quando se omite em combater o crime organizado, desde seu nascedouro.
O governo, nas três esferas da administração pública sabe onde encontrar o cidadão que trabalha e paga impostos diretos, bem como sabe onde encontrar todos cidadãos comuns para igualmente cobrar impostos indiretos nas mercadorias constantes na cesta básica, bem como nos seus bens e serviços (telefonia, água, esgoto, energia elétrica, etc) sem garantir-lhes o dia seguinte no tocante ao bem maior que é a vida privada e coletiva com os instrumentos da segurança pública prometida no palanque e negada ou postergada no dia a dia.
Onde está a solidariedade do Estado às vítimas de crimes, já que a solidariedade do governo é ideológica?