O Dia Mundial da Língua Portuguesa

 

Aqui e acolá, gosto de cronicar (sim, o verbo cronicar existe) sobre esta ou aquela efeméride, “palavrão” que muita gente não sabe o que significa (risos).  Sabe-se que, se não em todos os dias, em quase todos, há uma ou mais efemérides, as quais, verdade seja dita, geralmente passam despercebidas, seja porque quase ninguém se lembra delas, seja porque, o que é pior, poucos sabem de sua existência. Ih, isso acontece demais. Basta uma ligeira consulta a um bom calendário para se chegar a essa conclusão.

 

Assim, hoje, dia 5 de maio, é mais uma dentre tantas as efemérides deste mês e do ano. Esta, porém, para mim é especial, é o Dia Mundial da Língua Portuguesa, dia escolhido pela conferência de 2019 da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A razão da escolha não foi a data de nascimento de alguém, como se pode imaginar que fosse, foi um dos dias da I Reunião dos Ministros da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizada, no Estoril, Portugal, nos dias 5 e 6 de maio de 2000.

 

Não é desnecessário nem demais lembrar que a Língua Portuguesa é a língua oficial em nove países e uma região administrativa especial (RAE). Os países, em ordem alfabética, são Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, e Timor Leste. A região administrativa especial é Macau, da China. Abrindo e fechando parêntesis, registro que, depois do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, realizado em Lisboa, também se pode escrever com iniciais minúsculas, língua portuguesa.

 

Existem muitas diferenças entre o português falado nos diversos países da comunidade de língua portuguesa, tanto em relação ao português de Portugal quanto em relação ao português de um país e o de outros, o que se deve à variação linguística, fenômeno que é inevitável, mas é necessário e muito bom. Necessário, porque a língua é viva e, por isso, dinâmica. E tem que ser; se não for, morre. Compreenda-se, pois, e respeite-se a variação linguística, nos seus vários tipos (diatópica, diastrática, diafásica, diacrônica, não necessariamente nessa ordem). Viva a Língua Portuguesa, que é a minha língua!

 

Para concluir, lembro o fundador do Movimento Armorial, escritor Ariano Suassuna, inesquecível autor do Auto da compadecida, dentre tantos outros livros, que, aliás, embora não exercesse, tinha formação jurídica como eu. Suassuna, muito crítico e sempre alegre e espirituoso, ao comparar o português com outras línguas, verbalizava brincadeiras diversas e dizia com galhardia: “Graças a Deus, eu nasci num país que fala português!” É-me impossível, também, não me lembrar do poema “Língua portuguesa”, de Olavo Bilac, o qual tomei por modelo ainda na infância, por tê-lo como o poema mais belo e mais profundo na forma de soneto.