UMA RONDA NÃO FEITA

UMA RONDA NÃO FEITA

“O benfeitor verdadeiro, de espírito claro e são, ajuda sem perguntar, nunca exige gratidão.”(Cornélio Pires).

Em seu primeiro dia de trabalho, cheio de esperanças, força de vontade, alegria pela nobre missão de defender a sociedade, o jovem Carlos Henrique de Carvalho, 24 anos de idade, cursando duas faculdades, mostra seu amor pela sociedade. Depois de uma receptiva festa de conclusão de curso, o jovem policial, mesmo aprovado em três concursos, preferiu ingressar nos quadros da Briosa Polícia Militar do Ceará. Cantou com alegria e fervor o hino da Corporação, que o recebia de braços abertos. “Corporação pujante e valorosa, que lutou sempre e sempre lutará, no esplendor da Pátria gloriosa, Polícia Militar do Ceará. Raça de fortes, povo de brados, radiosa terra do nosso amor, jamais fizestes filhos escravos, nós mostraremos o teu valor”. Em uníssono, jurou com os novos componentes do “Ronda do Quarteirão” realizaram o juramento à Polícia Militar, prometendo dedicar-se ao serviço policial militar, preservar a ordem pública e a segurança da comunidade, mesmo com risco de vida. O Governador do Estado na solenidade disse: “Vocês vão construir um Ceará mais seguro, disse Cid Gomes diante de 713 soldados - 671 homens e 42 mulheres - que concluíram o CFSF e vão integrar o Batalhão de Polícia Comunitária (BPCOM), unidade do – “Ronda do Quarteirão”. O curso teve carga horária de 715 horas/aula e envolveu 30 disciplinas, entre elas, ética, cidadania, direitos humanos e inteligência policial. Infelizmente, quando se deslocava para assumir o seu primeiro trabalho no “Ronda”, foi estupidamente assassinado, com um tiro mortal na testa, próximo a Academia de Polícia Militar General Edgard Facó, sua unidade de formação, por meliantes assassinos cruéis e desumanos.

Daqueles 713 jovens cheios de alegria, restam 712, pois um aguerrido companheiro era subtraído de forma covarde das fileiras do Batalhão de Polícia Comunitário. A revolta dos novos integrantes não tinha dimensão, a tristeza dos familiares transformou-se num dilema de dor, saudade e melancolia, afinal era o único filho de uma família que se juntava a milhares de famílias de policiais militares sofridos, esquecidos, destratados e discriminados por determinadas autoridades governamentais. A vida de herói é esta, cheia de surpresas desagradáveis e agradáveis. Lamentamos, mas pedimos aos “Direitos Humanos”, que participem mais efetivamente nesse bárbaro caso e que a família desse jovem herói não seja esquecida, pois a vida valorosa ceifada brutalmente, não existe dinheiro que pague. Senhor governador olhe com bons olhos essa classe batalhadora, porém esquecida e sofrida, discriminada, visto que poucas pessoas gostam de policia, talvez, tão somente os seus familiares. Carlos Henrique é o 16º policial assassinado no período de um ano no Ceará e o quinto a morrer em serviço. Ele estava a duas semanas atuando no programa Ronda do Quarteirão, esse fato lamentável mostra mais uma vez as autoridades da Segurança Pública que as raízes da violência estão centradas em outros matizes. A morte de um jovem policial carimbou com tristeza o início do famigerado “Ronda do Quarteirão”. Comentado, badalado, criticado, imposto, mesmo assim foi implantado sem a estrutura devida e o planejamento adequado.

Precisamos de mais respeito com os policiais civis e militares, eles são pais de famílias. A vida sofrida desses batalhadores faz pena e dó. Moradia condigna; assistência médica de qualidade; amparo à família - ficaram no esquecimento de cérebros doentios e de aproveitadores. Queremos levar a família enlutada os votos sinceros de estima e consideração. Lembrar que Deus jamais esquece seus filhos amados. Uma indagação paira no ar: “Como estão às famílias dos outros 15 policiais assassinados? Uma coisa precisa ser revista e já pelo Secretário de Administração do Estado, que a família dos policiais mortos não passe vexames, pois de imediato são retirados de folha e passam meses e meses de sofrimento para reaver a pensão que o vitimado deixou para sua família. Os homens que fazem o governo do Ceará precisam adocicar seus corações cruéis, visto que do outro lado famílias indefesas, sofridas e muitas delas morando em locais não condizentes para um ser humano que perdeu a vida em defesa da sociedade. Mais ânimo companheiros, avante, os indefesos, os excluídos e a sociedade em geral esperam por vocês. Sejam felizes com as bênçãos de Deus e a proteção de Jesus Cristo. Espelhem-se nos grandes policiais, nos heróis anônimos e no jovem Carlos Henrique de Carvalho que sonhava em ser policial.

O secretário solidarizou-se com a dor da família enlutada e afirmou que o programa seguirá adiante e atingirá o objetivo de estabelecer a cultura da paz. “Não é matando que se tem a solução dos problemas sociais”, avaliou. Também, não será - com criminosos soltos e impunes, menores infratores cometendo bárbaros crimes, que iremos trazer a paz para a população cearense.

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E ALOMERCE

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 06/01/2008
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