Tio Zezé, Zé do Vô e Vovozim
"Boa noite! Com profunda dor e pesar, comunicamos que nosso Zé Vovô partiu. Foi descansar nos braços do Pai. O velório se iniciará às 08:30 e o enterro será às 15 horas.."
Eu estava em Florestal, na casa de minha irmã Kátia, pronto para visitá-lo em Pará de Minas. José Rodrigues Santiago Filho, porém, já estava de passagem comprada e, digamos, já se despedira desse mundo. Tinha muitos nomes e apelidos, mas já não atenderia a nenhum deles: Vô, Zé do Vô, Zé do Zé Vovô, Vovozinho e até Vovozim. Seu pai, meu avô materno, tinha o mesmo nome, "Filho" incluído. Seu avô, José Rodrigues Santiago, nascido em 1850, conhecido como "Juca do Pari", foi o primeiro da série.
Nesse dia, porém, todos esses "Josés" foram-se embora. Tio Zezé foi sepultado em Pitangui, no cemitério de São Miguel e Almas, no dia 3 de março deste ano, um dia depois do falecimento. Em fevereiro, pegou pneumonia e a partida foi acelerada. Que Deus o tenha!
Na infância, Tio Zezé me fazia chorar quando cortava meu cabelo, eu devia ter uns dois anos. A causa era a seringa de água fria que ensopava minha cabeça e o rosto. Os outros barbeiros do salão eram Valdemar Mamede e Santinho, que riam muito de mim. O salão ficava ao lado da escadaria do imponente edifício onde funcionou o Bemge, atual Câmara Municipal. Antes do Bemge, no terreno existia uma capela, demolida na década de 1930, em conexão com o incêndio da Matriz em 1914 e a construção da atual Igreja Matriz. Momento cultural terminado, seguimos com tio Zezé.
Além de brincalhão, tio Zezé era afinadíssimo como seus pais, Zé Vovô e vovó Lóia, assim como os irmãos Zequinha, José Maria, Lourdes e Terezinha, minha mãe. Paulo Miranda, nosso Embaixador, gostava de gravar suas cantorias e o provocava sempre que passava pelo Beco dos Canudos. Por muitos anos, tio Zezé teve no Beco - sem saber - uma loja de conveniências, modestamente chamada de "vendinha". Ali terminou seus dias de barbeiro - fregueses quase todos falecidos - e entrou no modo "comerciante".
Tio Zezé deixou este mundo sem muito sofrimento, a não ser o falecimento prematuro do filho Robson. Meu tio iria completar 93 anos no próximo 3 de julho. Passou os últimos anos na casa da nora, Rosana Mello Franco, em Pará de Minas, que o cuidou maravilhosamente, com o auxílio de Sarah e Israel, os netos. Que Deus o tenha em sua morada!
NOTA - Os vídeos feitos pelo querido Paulo Miranda mostram afinadíssimas interpretações de A TI FLOR DO CÉU, TRISTEZA DO JECA e HINO DO EXPEDICIONÁRIO, que viralizaram no YouTube. O nosso embaixador também escreveu vários textos sobre Vovozim no Recanto das Letras. Para acessá-los, entre no recantodasletras.com.br - acesse Autores, digite Paulo Miranda e pesquise por "Vovozim" e aprecie.