CHUVA

CHUVA

A chuva cai, impiedosa.

Fazia tempo que não chovia assim.

Na noite escura, densa, são lágrimas que escorrem pelas vidraças.

Alguns dormem de forma profunda, mas não todos.

Há quem prefira a chuva, o barulho, o cheiro, a poesia.

As gotas caem como música, como notas de um piano.

As gotas caem como literatura, como verso, transverso, sem hiato.

A chuva cai como uma luva para aquele que sonha, que tem esperança.

A chuva se mistura àqueles de vigília, que não dormitam, sentinelas de enfermos.

A mãezinha que, de joelhos, ora pelo filho.

As juras de amor na madrugada.

O gemido de dor.

A chuva acalma, acalenta os ansiosos insones e os pensadores sem solução.

Podemos dormir agora, por favor, sob esse tema de fundo, sob o tilintar, sob o pingar e respingar.

A chuva lava o corpo, a alma e o coração.

No barracão de telha é pura inspiração.

Robson Cassimiro

Robson Cassimiro
Enviado por Robson Cassimiro em 03/05/2024
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