CHUVA
CHUVA
A chuva cai, impiedosa.
Fazia tempo que não chovia assim.
Na noite escura, densa, são lágrimas que escorrem pelas vidraças.
Alguns dormem de forma profunda, mas não todos.
Há quem prefira a chuva, o barulho, o cheiro, a poesia.
As gotas caem como música, como notas de um piano.
As gotas caem como literatura, como verso, transverso, sem hiato.
A chuva cai como uma luva para aquele que sonha, que tem esperança.
A chuva se mistura àqueles de vigília, que não dormitam, sentinelas de enfermos.
A mãezinha que, de joelhos, ora pelo filho.
As juras de amor na madrugada.
O gemido de dor.
A chuva acalma, acalenta os ansiosos insones e os pensadores sem solução.
Podemos dormir agora, por favor, sob esse tema de fundo, sob o tilintar, sob o pingar e respingar.
A chuva lava o corpo, a alma e o coração.
No barracão de telha é pura inspiração.
Robson Cassimiro