UM PASSEIO PELO TEMPO

Sabe aquela sensação de liberdade, a que você só se permitia desfrutar em eventos ocasionais, seja no rápido descanso remunerado, ou no melhor e incomparável momento do ano, as tão desejadas férias, quando finalmente se aproximava aquela longa permanência longe do trabalho, ou seja, uma breve sensação do que seria a vida de aposentado, onde o mês passava como uma sequência de quinze sábados e domingos consecutivos.

A vantagem desse momento prá lá de especial, combinava três importantes componentes: além da plenitude física e mental, também mantinha integral a remuneração de um mês de trabalho.

Enfim chegava o tempo de avaliação do ano transcorrido e o que viria pela frente no novo ano que se avizinhava, pois invariavelmente marcávamos nosso recesso para o mês de janeiro, função das férias coletivas da minha esposa.

Nos sete anos iniciais da vida a dois, as questões em teses eram mais simples, pois os dois atores estavam ali no convívio cotidiano.

Depois, com a chegada dos filhos, se tornou necessário consensuar tudo, pois nesse instante as responsabilidades cresceram e se tornaram mais complexas, pois duas crianças estavam ali diante de nós, precisando receber direcionamentos amplos.

Os meses de janeiro passaram então a desfrutar de características especiais, pois se tornaram o momento de um convívio contínuo com as crianças, fato impossível de ser desfrutado quando se convive com a realidade de um grande centro. Com horários muito planejados, para conseguir compatibilizaras as atividades de pais e filhos.

O corre corre de um lado para outro, acaba nos transformando em máquinas que precisam cumprir metas, quase incompatíveis com o escasso tempo disponível, quando se pensa na tradicional jornada de oito horas de trabalho, a qual deve se incorporar o tempo do transcurso casa/trabalho/casa. E que em alguns anos, ainda agregava duas viagens extra, ou seja, pegar filho na escola deixá-lo em casa e voltar à labuta na hora do almoço.

Não bastasse essa correria sem fim, ao longo de alguns anos ainda acumulei, às vezes um, em outras duas jornadas de trabalho extra, para assim de alguma forma, auferir uma grana extra para assim conseguir dar mais conforto a todos.

Em outros momentos, a necessidade de aprimorar técnicas, também se transformava numa máquina de consumir seu tempo livre, e isso também se repetia com certa frequência, pois para se manter atualizado, independente da função, exige aprimoração constante.

Em síntese, se você realmente pretende ter voz ativa no que faz, não pode deixar de participar de congressos, escrevendo ou não trabalhos científicos, com parceiros tradicionais ou não. Pois só assim, você conseguirá ter foco no que você está desenvolvendo, e quem sabe, até por insistência, produzir boas ideias genéricas, ou mesmo soluções inusitadas para os problemas do dia a dia.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 01/05/2024
Código do texto: T8054164
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