ENCONTRO DE MÃOS

O simples aperto de mão seguido de um sorriso cheio de promessas mudou minha vida. Sem perceber quão tortuosa seria a jornada, joguei-me de corpo e alma na aventura, e foi então que, ingenuamente, caminhei sem vacilar por uma estrada a princípio colorida mas que me conduziria às garras aveludadas da armadilha de um amor fugaz. Bastou aquela mão macia afagando a palma da minha e os olhos dela brilhantes como estrelas dançando alegremente com os meus a melodia mais bela para eu me jogar no abismo da ilusória ternura.

Mas eram o amor e a ternura mais lindos que meu coração jamais sentiu, o abismo mais singelo e atraente de todas as minhas andanças, por essa razão o punhal do sentimento mais incrível e dominante da humanidade cravou-se imediata e suavemente em todo o meu ser. Como resistir? Foi impossível. Alguém conseguiria? Ouso afirmar que não. Envolver-se nas teias aconchegantes dos abraços, na cândida doçura de lábios molhados, no fogo ardoroso do corpo feminino pedindo carinho é a aventura mais fascinante na vida de qualquer homem. Assim também aconteceu comigo. Ah as flores do começo, os arroubos dos primeiros dias!

E no entanto a pouco e pouco esmaecendo, o pretenso e emocionante amor que eu supunha ter conquistado mostrou-se efêmero, tênue, passageiro, leve crepitar de chamas logo apagadas pelo sopro do primeiro vento noturno desgovernado. E logo, de repente, lá se foi tudo, o afago das mãos, a beleza do sorriso, o enlevo dos abraços e o céu do corpo dela ondulado por curvas magníficas. Como tudo ao lado dela mostrou-se maravilhoso e extasiante, mas durou tão pouco!

Surpreendendo minha alma, o que começou eivado de alegrias terminou coberto de lágrimas. Fui do encanto ao desalento, do êxtase sonhador ao mar de intensa amargura. Sem razão nenhuma, sem um motivo coerente a não ser um amor que provavelmente nunca existiu, vi a felicidade me dando adeus e levando consigo todos os meus devaneios. Ela nem olhou para trás.