SINOS
SINOS
Os sinos plangem junto a chegada da manhã. Na ágora agora muitos dirigem-se à igreja para expiar seus pecados que logo cometerão novamente. Acomodam-se nos bancos e em genuflexão oram, para um santo ou Deus de sua crença, inabalável fé que se esvanece ao primeiro passo fora do templo. Lá fora, desalojados da vida, em bancos de concreto, repousam corpos maltratados que definitivamente não tem qualquer fé e pagam seus pecados. Não querem expiá-los embora há muito ajoelhem-se a um Deus, de nome droga, onde o perdão inexiste e o inferno é presente dia sim, outro também. Os sinos cantam ao louvor e aos horrores, indiferentes a joelhos, que em nova manhã continuarão dobrando.