Sem Colombo, Marley e o reggae não existiriam

 

Cristovão Colombo (1451 - 1506) queria chegar nas índias, mas acabou "descobrindo" a América, como vocês sabem. Não bastasse isso, o continente ainda não levou o seu nome, mas sim o de Américo Vespúcio (1454 - 1512), que foi mais "eficaz" ao relatar sua "descoberta". A História, contudo, fez justiça a Colombo. Escrevo porque o dia de hoje marca os exatos 530 anos da "descoberta" da Jamaica pelo famoso navegador.

 

Então, quando Colombo se tornou o europeu que primeiro pisou na América, querendo desembarcar nas índias (morreu achando que conseguiu), em sua segunda viagem - fez quatro - "descobriu" a Jamaica, embora ela já existisse e fosse habitada pelos aruaque, que chamavam a ilha de Xaymaca. O nome, um pouco diferente, permaneceu, mas os arauque foram completamente exterminados pelos europeus pela miscigenação (sim, assim como no Brasil, os europeus transavam muito com as nativas), pela guerra e pelas doenças em mais um dos inúmeros genocídios que já se fizeram em nome de "Deus" e da "civilização" neste mundo diabólico. Os antepassados de Bob Marley (1945 - 1981) chegaram lá cativos em navios negreiros, para trabalhar nos engenhos de açúcar. Acabaram se tornando os "cativos-nativos" da Jamaica.

 

Como eu escrevia, Colombo aportou lá numa quinta-feira, 3 de maio de 1494. Algumas fontes falam em 5 de maio, sábado, mas isso é só um detalhe, até porque não estávamos lá mesmo, né? Assim, mais imprecisamente, há 530 anos, por esses dias, Colombo iniciou o processo de exterminar os silvícolas e trazer os africanos para lucrar com a labuta eles. O homem branco cristão europeu sempre foi danado de ruim.

 

Logo, sem as grandes navegações no geral e sem Colombo no particular, o blues estadunidense, o samba brasileiro e o reggae jamaicano (dentre outras expressões musicais americanas de origem afro) não existiriam. O som dos escravos foi regado pelo sangue dos indígenas - que levaram esse nome por causa da Índia, embora nunca tivessem ouvido falar desta terra distante e de suas cobiçadas especiarias. Os nativos morreram pelo que eram e se tornaram o que nunca foram: indianos. Puro etnocentrismo genocida europeu, construindo e falsificando a História.

 

Se olhar o filme One Love, sobre Bob Marley (dia 11 de maio marcará os 43 anos de sua morte), não esqueça que Cristovão Colombo, lá atrás, deu a batida inicial do reggae. O homem faz e rege a história, a sua própria e a dos outros. Quem pode, pode; que não pode, morre ou trabalha de graça.

 

Um bom final de semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.

 

PS - Esse texto será publicado na sexta-feira, 3 de maio, no Jornal Portal de Notícias.