Das grutas de Lascaux ao Louvre
Creio que todo ser humano é um laborioso da arte. Veja-se as grutas de Lascaux, França. São conceitos universais a nossa estrutura biológica, a hierarquia emocional e a arquitetura da sobrevivência. Em tudo que a humanidade veio evoluindo foi a intuição da arte que nos impulsiona até hoje. Quando o Homo Sapiens ajuntou diversas pedras harmoniosamente como um lar, ele criou arte. Somos todos artistas em potencial.
Alguns têm uma facilidade fantástica em escrever poesias como vejo por aqui. Neymar, Daniel Alves, Messi, Buonarroti, Caravagio, Einstein, Tesla, McCartney, Gershwin,Gates... e por aí vai. Alguns deles se dizem abençoados por Deus, como se classifica Bruce Springsteen por saber compor canções.
Toda essa lenga-lenga acima é pra encobrir minha humilde vaidade. Fui agraciado com a arte de combinar cores.
Neste domingo passado fomos ao leilão de pinturas na Cultura Francesa aqui da cidade com a renda destinada ao " Médicos Sem Fronteiras". Dois de meu quadros (tela 40 x60) foram bem adquiridos. Mas, a coqueluche da vernissage foi a pintura "Nevoeiro numa ponte parisiense". Retrata magnificamente a Pont Alexandre III com seus característicos postes candelabros negros (tela de 80 x 100). Creio que a artista (Não posso falar quem é, pois não tenho sua autorização e ela está viajando) usou com maestria a paleta Zorn*. Magnifica a composição do branco, preto e vermelho. Inacreditável como ela conseguiu o amarelo bruxuleante das luzes naquela composição de preto e tons de cinza. E também o azul claríssimo que aparece de vez em quando entre o nevoeiro. Arrematei o quadro.
A sra. Rafferty estava mais radiante e vaidosa do que eu. Parecia dizer "Esse é meu garoto!". Quando chegamos em casa, ela me deu um leve tapa na nuca dizendo: - Agora desce do pedestal!
O "Nevoeiro" está agora em cima da cabeceira da nossa cama de casal. Substituiu um de arte abstrata (eca!) de um amigo nosso.
* - Andes Zorn (1860-1920) pintor sueco. A denominada Pallette Zorn constituía das cores amarelo ocre, preto ébano, encarnado e branco titânio. Atualmente alguns artistas usam o vermelho cádmio, substituindo o encarnado.
Na minha opinião, todos os pintores modernistas do século vinte beberam na fonte de Zorn. Porém o pai de todos foi J. M. W. Turner (1775-1851).