SENSACIONALISMO SEM FRONTEIRAS: A Disparidade na Cobertura de Notícias na TV
Ao ligarmos nossas televisões, seja para um momento de lazer ou informação, somos bombardeados por uma onda de notícias que mais parecem um thriller do que um retrato fidedigno do cotidiano. Recentemente, o sensacionalismo cruzou as barreiras dos telejornais e se infiltrou até nos programas de entretenimento, onde antes se buscava um refúgio das mazelas do mundo. Hoje, até mesmo esses espaços são palco para a exibição de tragédias e violência, configurando uma nova norma na programação.
Interessante notar que essa tendência não se manifesta com a mesma intensidade nos canais de televisão por assinatura. Nos noticiários dos canais fechados, onde presumivelmente o público tem um poder aquisitivo maior, as notícias são apresentadas de forma mais sóbria e menos dramática. Isso nos leva a questionar: seria essa disparidade um reflexo do uso da ignorância do povo, uma estratégia deliberada para manipular emoções e capturar a atenção das classes mais vulneráveis?
Nesta crônica, é crucial refletir sobre o papel que a mídia desempenha na formação do nosso entendimento sobre o mundo e como ela escolhe apresentar (ou ocultar) os fatos. Os programas de TV aberta, acessíveis à maior parte da população, têm o potencial de educar e enriquecer o público. No entanto, o que vemos é uma predileção por conteúdos que exacerbam o medo e a ansiedade, uma escolha editorial que molda a percepção pública de forma questionável.
Por que a desgraça vende mais? Por que optamos por uma programação que alimenta a paranoia em vez da perspectiva? E o mais importante, que impacto essa escolha tem sobre as classes mais baixas, que frequentemente já lidam com desafios suficientes na vida real? Estas são perguntas que devem ecoar nos corredores das emissoras e nas salas de estar dos brasileiros.
É tempo de exigirmos mais. Mais respeito, mais consciência e um compromisso maior com a integridade jornalística. Nossas escolhas de consumo de mídia são, de fato, votos para o tipo de mundo em que queremos viver e o tipo de informação que decidimos deixar entrar em nossas casas e mentes.