RUMO À CONSTRUÇÃO

RUMO À CONSTRUÇÃO

Anuncio: estou em processo de feitura. Em contínuas reformas. Sem previsão para encerrar as obras – da fala ao gesto que não se conclui. Sendo rascunho. Sendo riscado e arriscado. Por vezes, vento de garrafa, por outras; tornado cego. Recebo ares de todas as direções e com eles inflo minha vivência.

Ora tenso por não saber conduzir a força dos vendavais, ora passo a sentir-me sorvido pelas rosas. As rosas emanando suas pétalas, eflúvios, espinhos, sendo estes setas que apontam meus defeitos. Receio emitir um simples ar na direção errada. Pode vir a ser uma turbulência.

Viver é soprar e aspirar. Se a mim for concebido o dom de formatar meus balões, continuarei no afã das ventanias. Onde eu possa guardar as pausas, para depois preenchê-las de vida.

A vida baforeja sem se preocupar com as formas espirituais, com sua instância que se move facilmente. Mas, eu venho desde onde quiser ser, mesmo com esse estranhamento, cativando. Coisa de quem delimita o próprio coração.

Não necessita de nexo, basta pôr o zelo da respiração, de buscar bons ares e repassar a quem queira. Tenho minhas poluições turvando meu pensamento... Quem é apenas o que quer ser?

Há momentos nos quais suspiro. Tomo fôlego. Assim, a atmosfera ganha mais leveza, assim sigo disposto a estender minhas aspirações.

Quero alimentar o diafragma, experimentando a brisa e o ardor. Se for necessário um paraquedas, solicito dois.

Voar, ainda que em asas sem penas.

Leo Barbosaa
Enviado por Leo Barbosaa em 28/04/2024
Código do texto: T8051966
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