Inferno astral
Acabei de chegar da rua.
Meu primeiro compromisso era com um dos médicos que me acode. Esqueci a máscara. Sim, ainda uso máscara porque o vírus do COVID aqui anda numa nervosia danada.
Me atrasei pra consulta porque escorreguei na calçada e cai. Resultado: Não fui atendida. Sentei e chorei. De raiva. Essa consulta era muuuito importante. Mas fazer o quê? "A senhora vai estar querendo remarcar para amanhã?" Eu quis.
Peguei um ônibus lotado e fui tentar cumprir outro compromisso. E fui sem proteção covídica mesmo. As vacinas que lutem.
A chuva chegou ao meu destino juntinho comigo. Vi que tinha esquecido a sombrinha.
Comprei uma máscara, comprei uma sombrinha, esperei a chuva manerar um tiquin e fui resolver minhas pendências.
À medida que eu ia mudando de fase, as sacolas na minha mão iam aumentando. Detalhe: a minha mão direita fica por conta de segurar a bengala, minha companheira.
Na mão esquerda, bolsa, uma, duas, três, quatro sacolas. Pesadas. E a sombrinha.
'Bora pra casa. Fome e peso não dá!
Chamei um carro de aplicativo. Ele cancelou a corrida. Chamei outro. Idem. Chamei um terceiro. Ibidem. Chorar de raiva, dessa vez eu não chorei, mas internamente falei cada palavrão que se a Dercy Gonçalves ouvisse com certeza ela diria: "fala assim não, doida!".
O jeito foi voltar pra casa de ônibus.
E dia 13 foi ontem!
Aaaaah, ow
14 março 2022