"CACOFONIA DAS PALAVRAS" Crônica de: Flávio Cavalcante
CACOFONIA DAS PALAVRAS
Crônica de:
Flávio Cavalcante
No mundo perdido e enriquecedor das palavras, onde a harmonia da língua reina suprema, há um intruso indesejado conhecido como cacofonia. Este vilão linguístico, como um discordante dissonante em uma sinfonia, apresenta-se dissonante nas entrelinhas do discurso cotidiano.
Nas vielas da comunicação, a cacofonia sorrateiramente se insinua, criando uma dança desajeitada de sons que irrita os ouvidos mais sensíveis. É como uma sinfonia desafinada, onde as palavras tropeçam umas nas outras, causando um desconforto auditivo.
Em um café movimentado, a cacofonia se manifesta nas conversas cruzadas, transformando o ambiente em um caos sonoro. As palavras colidem, criando uma montanha de sons desarmônicos que desafiam a elegância da expressão.
Entretanto, a cacofonia, apesar de sua má reputação, também tem seu papel peculiar. Às vezes, é um reflexo involuntário da complexidade da linguagem humana, uma mistura imperfeita de letras e sílabas que, por vezes, se rebelam contra a melodia esperada.
Ao lidar com a cacofonia, o desafio reside em domá-la, como um maestro habilidoso que conduz uma orquestra caótica para criar uma obra-prima. A escolha cuidadosa das palavras e a cadência precisa podem transformar o tumulto sonoro em uma composição harmoniosa, elevando a comunicação a um nível de refinamento.
Em última análise, a cacofonia, mesmo sendo uma presença incômoda, serve como lembrete da complexidade e da riqueza da linguagem. Em meio ao barulho desarmônico, há uma oportunidade de refinamento, uma busca constante pela expressão elegante que transcende as limitações impostas pelo tumulto verbal.
Assim, enquanto navegamos pelo vasto oceano da linguagem, devemos abraçar a cacofonia com a sabedoria de quem compreende que, por vezes, é nos momentos de dissonância que encontramos as notas mais preciosas da comunicação.
Flávio Cavalcante