O reflexo do poder
O problema não é ter o poder, mas como usá-lo sem a subjetividade nociva. O poder é uma força magnética que atrai e repele ao mesmo tempo, isto porque quem desfruta dele carrega em si elementos intrínsecos e gritantes, e por mais que se queira esconder, o lado contaminado pela irradiação da falha de caráter sobressai, trazendo à tona a verdadeira face. Indivíduos multifacetados, não pela ótica das máscaras sociais, entretanto, pela dupla personalidade tende a explodir sem combustível que impulsione o ataque de raiva. Vale reforçar que a maioria desses indivíduos é uma pessoa normal, solicita e angelical, são anjos caídos de algum lugar, não sei se do céu ou do inferno, e que em meio ao limbo confunde a cabeça da grei. O poder é mesmo tentador, e quem disse que o complexo fato de tê-lo é indicativo de não usar o filtro, a parcimônia e a imparcialidade? É por isso que os tribunais estão com enxaqueca de tanta reclamação, e nem sempre o reclamante sai de lá, pelado e nu de reparação, acontece, mas milagre não se explica. Deve ser gostoso, e tem gosto para tudo, poder machucar alguém com a falsa sensação de que está tudo bem, pois o infeliz e moribundo tem muito o que perder, se levantar a cabeça, que dirá o volume da voz. O poder emudece e mutila o indivíduo sem perspectiva de conhecimento e da lei. Se tudo é permissão, mesmo com prejuízo do bolso, não se deve engolir a seco palavras ácidas que corrói a alma e entristece o coração. Faz-se necessário gritar por socorro, derrubar os muros e impedir que a perpetuação da injustiça durma em berço esplêndido.