Qual é a sua idade?
Eu já sou um senhor que ultrapassou a idade dos sessenta anos, mas não me sinto de maneira nenhuma uma pessoa idosa inválido. Ao contrário, acabei de ser avô agora! Muito pelo contrário, eu ainda sinto que estou naquela idade em que posso fazer mais anos todos os dias só porque me apetece festejar a vida. E, confesso ainda que nunca gostei de bolo e nem daquela cantoria e muito menos de presentes que mais parecem uma obrigação. Aliás, nem lembro quando foi a última vez que festejei o meu aniversário com festas e bolos. Hoje, já com meus sessenta e sete anos vejo que estou naquela fase da idade em que tudo tem que ser realizado com mais calma, paciência, serenidade e torcer pra tudo dar certo da primeira vez Eu fico aqui a imaginar que tantas e tantas pessoas batalharam tanto no decorrer dos anos e que tiveram sua vida inteira voltada em busca de sonhos e objetivos. Se pensarmos na aquisição de uma moradia lá se foram no mínimo quinze ou vinte anos de muito empenho. Se pensar nos estudos lá se foram mais de doze anos até chegar na faculdade. Se pensar no emprego e na manutenção deste, lá se foram mais de trinta anos passados. Ou seja, mais de três décadas pegando ônibus, trem e metrô até chegar ao trabalho para cumprir uma jornada de no mínimo doze horas diárias. Isso mesmo, é o que muitos trabalhadores, hoje, continuam fazendo para se manter. Uma loucura! Sim, uma verdadeira loucura! Não sobra tempo pra nada. Até a saúde fica deixada de lado. Isso se a pessoa não ficar doente. E assim foi com muitos por aí. Hoje, vejo aquele idoso andando quase que alheio a tudo ao redor. Já não trabalha mais, não precisa bater cartão de ponto e nem pegar duas ou três conduções diárias. Este tempo já passou. Os passos, hoje, denota a não pressa. Tem tempo de sobra para ir a vendinha buscar uma caixa de leite e pãozinho e já aproveita para caminhar e tomar o sol da manhã em meio ao bairro bem arborizado. Neste trajeto sempre encontra um ou outro conhecido, normalmente da mesma faixa etária e após cumprimentar pára pra bater um papo. E lá se vai mais tempo gasto com prazer e sem pressa agora. Sem pressa agora, porque o que tinha que fazer já foi feito. Agora são outros tempos que seguem a mesma rotina simples que as vezes são quebradas pelas idas aos médicos, laboratórios, ou idas a missa dominical. Ou ainda a realização de alguma pequena viagem de visitas aos familiares. Uma coisa rara a se fazer sempre é sair de casa. E assim segue os dias, semanas, meses e anos...